O LIVRO

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domingo, 8 de fevereiro de 2015

Nossa Literatura - CASIMIRO DE ABREU = Meus Oito Anos

Casimiro de Abreu


Casimiro José Marques de Abreu, (Silva Jardim, 4 de janeiro de 1839 - Nova Friburgo, 18 de outubro de 1860)Casimiro de Abreu é um dos mais populares poetas brasileiros  e é conhecido como “Poeta da Infância”. Como começou a trabalhar desde cedo, por isso não concluiu seus estudos.
 É o autor de “Primaveras” (obra que começou a escrever em Portugal). Essa obra aborda temas como: a saudade da sua terra natal, a infância, a família, a religiosidade, além das desilusões amorosas.
 Apesar de ser da Segunda Geração Romântica (Ultra-Romantismo), sua poesia fala do amor associado à vida e à sensualidade (sempre disfarçada).
 Abordou os temas infância, natureza e pátria de uma forma branda e graciosa que agradava ao público.
 As variações métricas e rítmicas, a musicalidade e o emprego de uma língua brasileira (recursos muito utilizados pela Primeira Geração Romântica – Indianismo) foram utilizados também por Casimiro de Abreu.
 Morreu em 1860 de tuberculose e a sua poesia (embora não tenha sido inovadora) contribuiu para consolidar e popularizar de forma definitiva o Romantismo no Brasil.


Meus oito anos



Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Como são belos os dias
Do despontar da existência !
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor !
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !
Oh ! dias de minha infância !
Oh ! meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã !
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis !
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar !
Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Casimiro de Abreu






Nossa Literatura - MINHA TERRA por Casimiro de Abreu



Paisagem com touro, 1925
Tarsila do Amaral ( Brasil, 1886 – 1973)

         Minha Terra
          Casimiro de Abreu
Todos cantam sua terra
Também vou cantar a minha
Nas débeis cordas da lira
Hei de fazê-la rainha.
Hei de dar-lhe a realeza
Nesse trono de beleza
Em que a mão da natureza
Esmerou-se em quanto tinha.
-
Correi pras bandas do sul:
Debaixo de um céu de anil
Encontrareis o gigante
Santa Cruz, hoje Brasil.
É uma terra de amores,
Alcatifada de flores,
Onde a brisa fala amores
Nas belas tardes de abril.
-
Tem tantas belezas, tantas,
A minha terra natal,
Que nem as sonha o poeta
E nem as canta um mortal!
É uma terra encantada
Mimoso jardim de fada –
Do mundo todo invejada,
Que o mundo não tem igual.

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Nossa Literatura - TERRAS DO BRASIL por D.Pedro de Alcântara


Digerson Araújo (Brasil, 1952)

Terras do Brasil
- D. Pedro de Alcântara
-
Espavorida agita-se a criança,
De noturnos fantasmas com receio.
Mas se abrigo lhe dá materno seio,
Fecha os doridos olhos e descansa.
-
Perdida é para mim toda esperança
De volver ao Brasil; de lá me veio
Um pugilo de terra, e nesta, creio,
Brando será meu sono e sem tardança.
-
Qual o infante a dormir em peito amigo,
Tristes sombras varrendo da Memória,
Ó doce Pátria, sonharei contigo!
-
E entre visões de Paz, de Luz, de Glória,
Sereno aguardarei, no meu jazigo,
A Justiça de Deus na voz da História.
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