O LIVRO

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terça-feira, 13 de setembro de 2016

Nossa Flora - A frutinha esquecida CAMBUCI está de volta




O nome vem do tupi-guarani, do original caá-mbocy, a fruta de duas partes, segundo o dicionário de Silva Bueno. De fato, a fruta redonda, de 6 a 8 centímetros de diâmetro, parece ter uma divisão no meio quando a olhamos de lado. Mais ou menos como um disco voador desenhado por uma criança ou como os potes de cerâmica fabricados por indígenas habitantes da Mata Atlântica do Sudeste brasileiro. Os potes, aliás, têm o nome da fruta – cambuci – e o mesmo se dá com um bairro da cidade de São Paulo, assim chamado em homenagem à espécie, então comum em seus quintais.

De cor verde quando maduro e extremamente azedo e travoso na boca de quem se arrisca a experimentá-lo in natura, o cambuci (Campomanesia phaea) é matéria-prima de altíssima qualidade para geleiasdoces e sucos. Infelizmente foi esquecido pelo progresso e hoje é considerado vulnerável à extinção na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Só ocorre naturalmente em poucos remanescentes florestais de São Paulo e do Rio de Janeiro.

O cambuci não apenas brotava na floresta como também no pomar das casas, onde era cultivada para servir de aromatizante na cachaça.
Por se encontrar em sério risco de extinção o cambuci hoje faz parte da Arca do Gosto, lista de alimentos ameaçados criada pela fundação Slow Food.
Agora, dezenas de produtores familiares vêm tirando o cambuci do esquecimento, decididos a explorar o potencial dessa fruta profundamente aromática, doce na fragrância e ácida no paladar. Em todo o cinturão verde de São Paulo, surgiram sucos, sorvetes, geleias, licores e até cosméticos produzidos à base de cambuci - sem falar de receitas excêntricas, como a moqueca e o estrogonofe.

A vitrine disso tudo é a Rota Gastronômica do Cambuci, uma integração de festivais locais que acontece entre março e setembro, cada mês em uma cidade. Em 2013, houve a participação de quase 60 produtores, de sete municípios. A rota foi aumentada este ano. "Já distribuímos mais de 10 mil mudas", conta Gabriel Menezes, diretor da Associação Holística de Participação Comunitária Ecológica (AHPCE), a entidade que organiza o evento.













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