O LIVRO

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domingo, 26 de julho de 2015

Nossa Língua - ''FUI EU QUEM FIZ'' OU ''FUI EU QUEM FEZ''?



“Fui eu quem fiz” ou “fui eu quem fez”?
Vamos com calma aqui porque há duas orações na frase em questão e não queremos que você se confunda.
Para começar, vamos notar que nem colocamos em questão a conjugação do primeiro verbo: é “fui eu” e pronto.  Não existe a forma “foi eu”: o verbo precisa concordar com o sujeito (no caso, “eu”). Ninguém fala “eu foi”, né?
Em relação à segunda oração, temos duas opções igualmente corretas – desde que façamos a combinação adequada.
O pronome relativo que não tem força de sujeito nessa oração e, portanto, o verbo deve concordar com o pronome que vem antes dele (no caso, o pronome é “eu” e a concordância será “que fiz”).

O certo seria, então:
-       Fui eu que fiz.
-       Foste tu que fizeste.
-       Foi ele que fez.
-       Fomos nós que fizemos.

Já o “quem”, um pronome de terceira pessoa, tem um peso maior e o verbo deverá concordar com ele – independentemente de qual outro pronome aparecer antes. Portanto, o certo seria dizer:
-       Fui eu quem fez.
-       Foste tu quem fez.
-       Fomos nós quem fez.

Segundo a norma culta, você pode escolher entre qualquer uma dessas opções, só não pode misturar as duas. Seria errado dizer, por exemplo, “fomos nós quem fizemos” ou “fomos nós que fez”.

MAS é importante deixar algo bem claro (e isso tem sido amplamente defendido pelo Enem e por outros vestibulares): essas regras obedecem, como dissemos, à norma culta. No dia a dia, causa estranhamento a forma “fomos nós quem fez”, enquanto é frequente e aceitável o uso de “fomos nós quem fizemos.” (“Fomos nós que fez” soa errado de qualquer jeito). A melhor fórmula é o bom senso.

- 1001 Dúvidas de Português
José de Nicola e Ernani Terra
Editora Saraiva
- Guia Prático do Português Correto – Sintaxe
Cláudio Moreno
Editora L&PM Pocket.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

POVOS INDÍGENAS NO BRASIL MIRIM





                                              Ilustração do jogo Aldeia Virtual criado especialmente para as crianças

De onde vem a palavra índio?

A palavra índio é fruto do engano dos primeiros colonizadores. Ao chegarem nas Américas, eles pensaram estar na Índia e então chamaram de índios os habitantes do continente!

No Brasil essa palavra é usada como sinônimo de indígena. Indígena quer dizer “aquele que é nativo e descendente dos povos originários de uma localidade”.
De onde vem a palavra índio?
A palavra índio é fruto do engano dos primeiros colonizadores. Ao chegarem nas Américas, eles pensaram estar na Índia e então chamaram de índios os habitantes do continente!

No Brasil essa palavra é usada como sinônimo de indígena. Indígena quer dizer “aquele que é nativo e descendente dos povos originários de uma localidade”.



Indios Kisedje, terra indígena Wawi (MT)
"Desde 1997 o portal do ISA tem um site sobre os Povos Indígenas no Brasil, que foi reestruturado em 2008. Pelos e-mails recebidos dos usuários do site, percebemos que muito dos acessos eram de crianças. Por conta disso, decidimos fazer um site especial para este público, ampliando assim o espaço web para pesquisa escolar", diz a coordenadora do programa Monitoramento de Áreas Protegidas e do tema Povos Indígenas no Brasil do ISA, Fany Ricardo.

Destinado à pesquisa escolar, o site Povos Indígenas no Brasil (PIB) Mirim mostra a diversidade cultural desse povos de forma didática e em linguagem acessível. Uma das formas encontradas pela equipe do ISA para despertar o interesse das crianças foi a criação da Aldeia Virtual - jogo online com referências reais sobre diferentes etnias com o qual eles podem interagir e se sentir parte daquele ambiente.

O site PIB Mirim conta com um conteúdo preparado especialmente para as crianças sobre as culturas dos povos indígenas no Brasil. Por meio de material destinado à pesquisa escolar, no qual temas centrais se desdobram em uma série de questões organizadas pela equipe do Instituto Socioambiental (ISA), e do espaço Aldeia Virtual - jogo online situado em uma aldeia circular no Cerrado brasileiro - pretende-se apresentar a diversidade de povos, romper com a idéia do "índio genérico" e despertar o interesse e o respeito das crianças às culturas indígenas existentes no Brasil. Tudo isso escrito em linguagem acessível para o público infanto-juvenil.

Aldeia Virtual

A Aldeia Virtual, realização do Instituto Socioambiental e da empresa de games 8D, é um espaço criado a partir de referências reais sobre alguns dos diferentes povos indígenas que vivem no Brasil. Ali, cada criança escolhe um entre os sete avatares de um povo (Ashaninka, Asurini do Xingu, Karajá, Krahô, Matis, Xikrin Kayapó e Yanomami) e passa a participar com ele das atividades da aldeia, podendo conversar e jogar com outros participantes. O jogo é livremente inspirado em referências dos povos - os Ashaninka não vivem em uma aldeia circular, nem os Yanomami vivem no Cerrado. Mas, nessa aldeia, todos se encontram, fazendo disso uma oportunidade divertida para trocar impressões dos diferentes modos de vida destes, e de outros, povos no Brasil.

Na Aldeia é possível, ainda, participar do jogo Corrida de Toras, atividade praticada por índios no Cerrado brasileiro. As toras geralmente são do tronco do Buriti, uma palmeira típica da região. Na corrida tradicional, os índios se dividem em dois grupos e cada grupo carrega uma tora. Quando alguém fica cansado, outra pessoa do grupo pega a tora no ombro. Esse revezamento acontece durante toda a corrida que termina geralmente no pátio central da aldeia. É uma atividade que diverte e desenvolve muitas habilidades.

Material para pesquisa escolar

Além da Aldeia Virtual, o PIB Mirim apresenta conteúdo destinado à pesquisa escolar com o objetivo de divulgar informações qualificadas sobre os povos indígenas. Dividido em cinco grandes temas (Antes de Cabral, Como vivem, Onde estão, Quem são e Línguas) o novo site aborda questões fundamentais para a compreensão dessa diversidade.

Os textos publicados podem servir de suporte, assim como o conteúdo já disponível no site Povos Indígenas no Brasil (pib.socioambiental.org), para professores levarem a temática indígena para a sala de aula, complementando o ensino, atualmente obrigatório em todo o País (Lei 11.645, 10/03/2008), de História e Cultura Indígena. [A alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional traz a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena].

 ISA, Instituto Socioambiental.

Acesse o site http://www.dicionariotupiguarani.com.br/

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Nosso Folclore - Maria Bethânia canta PEDRINHA MIUDINHA



Maria Bethânia sempre demonstrou que seu gosto por poesia vai além de uma simples leitura. Em seus discos e shows, costuma intercalar as músicas que canta com a recitação inspirada . Entre mares e rios – Maria Bethânia sempre demonstrou que seu gosto por poesia vai além de uma simples leitura. Em seus discos e shows, costuma intercalar as músicas que canta com a recitação inspirada de versos. O lançamento simultâneo de " Mar de Sophia" e " Pirata", consolida o estilo e traz a cantora em dois álbuns temáticos em que veleja por mares e águas doces embalada por versos que vão da poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen a Fernando Pessoa, João Cabral de Mello Neto e Guimarães Rosa. " Sophia" fala de mares onde os textos de Andresen interligam as canções e dão voz e norte a inspiração de Bethânia. Ela canta símbolos africanos como em Canto de Oxum (Vinicius de Moraes/Toquinho) , relembra a cantoria preguiçosa de Dorival Caymmi e volta ao presente com versos cantados de Arnaldo Antunes. " Pirata" fala de rios, cachoeiras faz Bethânia viajar afetivamente no tempo e no folclore pelas águas dos rios do interior do Brasil. Os dois discos , além de trazerem regravações da carreira de Maria Bethânia mostram faixas que já são de domínio público e músicas inéditas, caso de Sereia de Água Doce de Vanessa da Mata. Os discos saem pela gravadora Biscoito Fino e incorporam-se com classe à discografia da cantora baiana.

PIRATA
Neste trabalho, Maria Bethânia viaja pelo universo folclórico e afetivo das águas dos rios do interior do Brasil. 'Pirata' é fruto das memórias da cantora, que sempre teve fascínio por rios, cachoeiras e toda a vida que se desenvolve sob e em volta das águas. Neste disco, Bethânia nos apresenta um conjunto de momentos fundamentais da cultura popular brasileira, além de canções inéditas e de compositores clássicos em sua voz. Realmente esse é um disco repleto de pequenas histórias que transmitem, em uníssono, o conceito do disco. Histórias estas que unem a música de Bethânia a textos de Guimarães Rosa, João Cabral de Mello Neto, Fernando Pessoa.
Temas de domínio público como 'Pedrinha Miudinha', 'Cantigas Populares' e 'Meu Divino São José' evidenciam a força da criação singela e rica em significados do artista popular. Em 'O Tempo e o Rio' (Edu Lobo/Capinam) e 'Onde Eu Nasci Passa um Rio' (Caetano Veloso), os rios desaguam na inquietação.



Pedrinha Miudinha (Dominio Público), História pro Sinhozinho (Dorival Caymmi)

Pedrinha Miudinha de Aruanda ê
Lajedo tão grande
Pedrinha de Aruanda ê

Quando eu não era ninguém
Era vento, terra e água
Elementos em amálgama
No coraçao de Olorum

Pedrinha Miudinha de Aruanda ê
Lajedo tão grande
Pedrinha de Aruanda ê

Na hora em que o sol se esconde
O sono chega
E o sinhozinho vai procurar
Hum, hum, hum,

A velha de colo quente
Que canta quadras
Que conta histórias
Para ninar
Hum, hum, hum,
Sinhá Zefa que conta histórias
Sinhá Zefa sabe agradar
Sinhá Zefa que quando nina
Acaba por cochilar
Sinhá Zefa vai murmurando
Histórias para ninar

Peixe é esse meu filho
Não meu pai
Peixe é esse
É mutum, manguenem
É coca-do-mato
Guenem-guenem
Suê, filho ê
Toca-ê
Marimba-ê

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Nosso Folclore - A LENDA DO GUARANÁ - FOLCLORE AMAZÔNICO


A Lenda do Guaraná
O guaraná, cujo nome científico é paullinia cupana, é uma planta (espécie de cipó) típica da região amazônica. O fruto é de cor vermelha (quando está maduro) com polpa branca e sementes negras. Em função de suas propriedades estimulantes é usado em xaropes, chás e bebidas energéticas. É usado também, principalmente no Brasil, para a fabricação de refrigerantes.

O Guaraná nativo - muito antes de virar refrigerante, o guaraná já era cultivado pelas tribos amazônicas há séculos. Hoje, seus maiores produtores são os índios sateré-mawé, do Médio Amazonas, que fabricam bastões com as sementes torradas, de onde é extraído o pó de guaraná. O Guaraná, assim como pinhão e pirarucu são algumas das comidas brasileiras que podem não existir mais daqui a uns anos.

 LENDA DO GUARANÁ 

De acordo com o folclore amazônico, um casal de índios mawés (tronco linguístico tupi) desejava muito ter um filho. Certo dia resolveram pedir um filho para Tupã (uma das principais divindades da mitologia tupi-guarani).
Tupã ouviu os pedidos daquele bondoso casal e resolveu dar-lhes um menino. Ao crescer, o filho desejado do casal tornou-se um lindo jovem bom e generoso.
Com inveja da bondade, paz e generosidade do jovem índio, Jurupari (divindade do mau e das trevas) resolveu eliminá-lo. Transformou-se numa cobra venenosa e picou o jovem índio, quando este estava nas matas, levando-o a morte.
Então, Tupã enviou fortes trovões e relâmpagos para as proximidades da aldeia. Triste e chorando muito, a mãe do índio morto acreditou que eram sinais para que ela enterrasse os olhos dele em solo próximo à aldeia.
Dos olhos dele nasceram plantas que deram lindos e saborosos frutos, cujas sementes pareciam com os olhos negros do jovem e bom índio morto.
Surgiu assim, de acordo com esta linda lenda indígena da Amazônia, o guaraná.

O GUARANÁ
Curiosidades:

- A palavra guaraná é de origem indígena, pois deriva da palavra tupi wara’ná. É o termo dado pelos índios tupis para esta planta.
- Numa outra versão da lenda, quando o bom índio nasceu, pararam as guerras que existiam entre as tribos indígenas rivais da região. Veio então um período de paz e fartura.


domingo, 5 de julho de 2015

Nossa História - BRASIL NO OLHAR DOS VIAJANTES - "DEBRET"

Barbeiros ambulantes, aquarela, Jean Baptiste Debret, 1826


Jean-Baptiste Debret ou De Bret (Paris, 18 de abril de 1768 — Paris, 28 de junho de 1848) foi um pintor, desenhista e professor francês. Integrou a Missão Artística Francesa (1817), que fundou, no Rio de Janeiro, uma academia de Artes e Ofícios, mais tarde Academia Imperial de Belas Artes, onde lecionou em uma fazenda.

De volta à França (1831) publicou Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (1834-1839), documentando aspectos da natureza, do homem e da sociedade brasileira no início do século XIX. Uma de suas obras serviu como base para definir as cores e formas geométricas da atual bandeira republicana, adotada em 19 de novembro de 1889.

Sobre a obra Viagem pitoresca e histórica ao Brasil:

Em Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, Debret revela sua profunda relação pessoal e emocional com o país, adquirida nos 15 anos em que ali viveu.
Jean-Baptiste Debret - gerreiro indígena a cavalo

Apesar de ter alegado motivos de saúde para retornar à França, há outras duas hipóteses para sua volta: deveria talvez querer o retorno para se reencontrar com familiares, além de organizar o primeiro volume de Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. Outra hipótese sugere que, como em 1831 tinha 63 anos, sua obra seria uma espécie de "trabalho para aposentadoria", visto que uma tal produção (almanaques de viajantes - livros com textos acompanhando imagens) fazia bastante sucesso no início do século XIX - quando Debret partiu para o Brasil - e poderia render uma boa aposentadoria (o que de qualquer forma não foi o que acabou acontecendo: quando da volta à França, esse tipo de publicação já não fazia o mesmo sucesso e a obra causou pouco impacto na França).

Debret tenta mostrar aos leitores - em especial europeus - um panorama que extrapolasse a simples visão de um país exótico e interessante apenas do ponto de vista da história natural. Mais do que isso, tentou criar uma obra histórica; mostrar com detalhes e minuciosos cuidados a formação - especialmente no sentido cultural - do povo e da nação brasileira; procurou resgatar particularidades do país e do povo, na tentativa de representar e preservar o passado do povo, não se limitando apenas a questões políticas, mas também a religião, cultura e costumes dos homens no Brasil.

Por estas razões, a obra de Debret é considerada grande contribuição para o Brasil, e é frequentemente analisada por historiadores como uma representação (um tanto quanto realista, apesar de não ser perfeita) do cotidiano e sociedade do Brasil – em especial, da vida no Rio de Janeiro – de meados do século XIX. 
Jean-Baptiste Debret - castigo a escravo

Publicada em Paris, entre 1834 e 1839, sob o título Voyage Pittoresque et Historique au Brésil, ou séjour d´un artiste française au Brésil, depuis 1816 jusqu´en en 1831 inclusivement, a obra é composta de 153 pranchas, acompanhadas de textos que elucidam cada retrato.

Tal estilo de obra  não era muito comum entre os artistas que vinham ao Brasil para retratar o país, o que aumenta ainda mais o destaque e importância de Debret: a obra não é considerada tão importante apenas por aspectos artísticos, mas justamente pela combinação de interesse em retratar o cotidiano, com a presença de textos descrevendo as litografias. Preocupando-se com o sentido dos textos, Debret os compara com as ilustrações contidas em seus trabalhos, e é por isso que o aspecto historiográfico é colocado em primeiro plano em relação ao aspecto propriamente artístico.

 
Em "Cena de carnaval", de Debret, escravas de ganho
 em meio à violência do entrudo
O próprio título da obra de Debret apresenta este certo compromisso que ele tentou adquirir nas representações e descrições do Brasil. O uso da palavra “pitoresca” no título Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil denota uma certa precisão, habilidade e talento; características que buscou em suas representações. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil pode ser considerada uma obra em estilo europeu, feita para europeus, visto que o estilo de livro (almanaque) fazia um certo sucesso na Europa na época. 

O livro é dividido em 3 tomos: no primeiro, de 1834, estão representados índios, aspectos da mata brasileira e da vegetação nativa em geral. O segundo tomo, de 1835, concentra-se na representação dos escravos negros, no pequeno trabalho urbano, nos trabalhadores e nas práticas agrícolas da época. Já o tomo terceiro, de 1839, trata de cenas do cotidiano, das manifestações culturais, como as festas e as tradições populares.



EXPOSIÇÃO DAS OBRAS DE DEBRET:

Os Museus Castro Maya, localizados nos bairros cariocas de Santa Teresa e Alto da Boa Vista, possuem alguns dos mais completos acervos das obras de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), o francês que viveu por 15 anos no Rio de Janeiro – onde fundou uma escola de belas-artes e foi nomeado o pintor oficial da corte. Mas a coleção Castro Maya é pouco vista pelo público: apenas uma fração dos quadros se encontra em exposição regular.

“Os desenhos e as gravuras eram a única forma de as pessoas conhecerem lugares distantes, e os europeus tinham muita curiosidade por esses locais exóticos do Novo Mundo, como o Brasil”, diz Anna Paola Baptista, curadora da exposição. “Debret é o cronista maior da vida brasileira na primeira metade do século XIX. Ele acompanhou e documentou visualmente o início do Brasil como nação independente, e especialmente o Rio de Janeiro.”

Depois da queda de Napoleão Bonaparte, Debret aceitou o convite de D. João para integrar a missão artística que viria ao Brasil e criar uma escola de belas-artes. A morte do único filho, aos 19 anos de idade, também contribuiu para a decisão de Debret de deixar a França. Instalado no Rio em 1817, retratou o cotidiano e os costumes dos cariocas.

O dia a dia nas praças, mercados e no cais do porto, a negociação de escravos no centro, e a movimentação dos cidadãos nas ruas. Pintou também ocasiões históricas, como a aclamação do Dom João VI, a ascensão de D. Pedro I com a proclamação da independência, em 1822, a chegada de D. Leopoldina e a coroação de D. Pedro II, em 1831. Pouco depois, Debret retornaria à França, onde editaria o livro Viagem histórica e pitoresca ao Brasil, compilando sua visão do país.
A importância do artista, responsável por apresentar o Brasil à Europa, se tornaria crucial também no país que retratou. “Ele se tornou um cronista do nosso passado. Nós passamos a imaginar o Rio do início do século XIX por meio das gravuras de Debret. Seus desenhos ilustram há gerações os livros didáticos de história do Brasil”, completa a curadora.



sábado, 4 de julho de 2015

Nossa História - QUADRINHOS ANIMADOS - D. JOÃO CARIOCA: A CORTE NO BRASIL



O Canal Futura exibiu uma série de 12 programetes baseados na Revista em Quadrinhos "Dom João Carioca: a Corte no Brasil", de Spacca, escritor e ilustrador, e da historiadora Lilia Moritz Schwarcz. Em vídeos de até cinco minutos, a série conta os principais fatos que ocorreram no período joanino, os 13 anos que Dom João esteve no Brasil. Movimentos de câmera, trilha sonora e dublagem dão vida aos desenhos originais.

EPISÓDIO I - Dom João no Brasil - Nos tempos de Bonaparte

O episódio mostra o contexto histórico de Lisboa à época da iminente invasão de Napoleão. O grande general francês está tomando a Europa, expandindo os seus domínios. A França quer impor o Bloqueio Continental a Portugal e essa pressão faz com que o príncipe regente, Dom João, fique entre França e Inglaterra seu aliado histórico. Surge então a ideia de fugir com a Corte para a maior de suas colônias, o Brasil. Assim, o príncipe não se submeteria a Napoleão, não perderia a coroa e teria a Inglaterra ao seu lado.



EPISÓDIO 2 - Ir ou não ir, eis a questão


As tropas de Napoleão estão a caminho de Portugal. O general francês ameaça tirar a coroa de Dom João se ele continuar aliado da Inglaterra. O indeciso príncipe regente refuga até o último minuto, quando finalmente decide partir para a colônia. A princesa Carlota Joaquina é terminantemente contra, mas é obrigada a aceitar a decisão do marido. Apesar da revolta do povo português, no dia 29 de novembro de 1807, a Corte inteira embarca às pressas para o Brasil, escoltadas por naus inglesas - um acordo que seria o início da dívida externa do Brasil.




EPISÓDIO 3 - Homens ao mar!

O episódio mostra a viagem marítima de Dom João e da Corte para o Brasil, com todos os perigos que oferecia. Foram dois meses de desconforto e mal-estar navegando até a costa brasileira. Sem água a bordo, os portugueses bebiam vinho de péssima qualidade, enfrentavam um calor infernal e um tripulante indesejado, o piolho. Conclusão: todas as mulheres, inclusive a princesa Carlota Joaquina, são obrigadas a rasparem os cabelos. Não se sabe ao certo, mas calcula-se que tenham embarcado cerca de dez mil pessoas. E o Brasil, às pressas, começa a se preparar para recebê-las.




EPISÓDIO 4 - Venha cá, meu rei.


 Dom João e a Corte portuguesa chegam a Salvador, causando um alvoroço na cidade. No dia 28 de janeiro, Dom João decreta a abertura dos portos às nações amigas, o que, na verdade, era inevitável, porque o Brasil precisava abrir os portos à Inglaterra. mas a carta régia abria os portos para as nações que, em breve, iriam concorrer com os ingleses. Antes de zarpar para o Rio, Dom João ainda cria uma Escola de Cirurgia, autoriza fábricas de vidro e de pólvora e uma companhia de seguros.




EPISÓDIO 5 - Olha a corte aí, gente!


 No dia 8 de março de 1808, a Corte portuguesa desembarca no Rio de Janeiro, sede do vice-reinado. Para alojar todas as pessoas que acabavam de chegar, a coroa desapropriou milhares de brasileiros, pintando nas portas as siglas "P.R.", de propriedade real, que logo o povo apelidou de "ponha-se na rua". Houve uma profunda mudança na cidade, começando pelos inúmeros navios que não paravam de chegar ao porto, que não estava preparado para receber navios do mundo inteiro. Embarcações de Londres, África, Oriente e até Oceania vinham para o Brasil sem precisar passar por Lisboa.




EPISÓDIO 6 - Uma corte brasileira, com certeza



EPISÓDIO 7 - Um jardim, uma igreja e muitos títulos, ora pois


Assim que chegou ao Rio, Dom João declarou guerra à França. As forças luso-britânicas desembarcam em Caiena, capital da Guiana Francesa, e, depois do combate, o governador francês rende-se, em 1809. Foi a vingança de Dom João contra Napoleão. Nessa época, Dom João tentava criar no Rio o que havia em Portugal. Em 1808, sai o primeiro jornal publicado no país, a Gazeta do Rio de Janeiro. O jornal funcionava como um órgão do gorverno, onde se publicavam decretos e notícias de acordo com a vontade de Corte.










EPISODIO 8 - A Colônia que virou Metrópole


Em 1808, Dom João permite a instalação de fábricas no Brasil e cria o Banco do Brasil. O episódio destaca a participação de Dom Rodrigo nas decisões políticas. O ministro, que tendia para os interesses da Inglaterra, tentava convencer o príncipe pelo término do comércio de escravos, mas Dom João temia desagradar a traficantes, donos de engenho e mineradores. Só em 1850, 24 anos depois da morte de Dom João, é que o tráfico foi proibido pela Lei Eusébio de Queiróz.





EPISÓDIO 9 - Pintando os Brasis.

Com a derrota de Napoleão, embaixadores das grandes nações europeias se reúnem no Congresso de Vienna para definir o mapa de Europa e restaurar o Antigo Regime dos reis absolutos. Portugal tenta barganhar umas terrinhas a mais para o Império. No episódio, o Brasil é elevado a Reino. Dona Maria I morre, Dom João e Carlota, agora são rei e rainha. Nesta época chega à corte um grupo de artistas franceses que serviam a Napoleão e pediam asilo ao rei do Brasil. Liderados por Joachim Lebreton, o arquiteto Grandjean de Montigny, os pintores Debret e Taunay, os escultores Irmãos Ferrez e muitos outros chegam para retratar os Brasis.






EPISÓDIO 10 - Casamentos arranjado, sonho frustado

O episódio é dedicado a Dona Leopoldina, que viria a ser a primeira imperatriz do Brasil. A arquiduquesa austríaca casa-se por precaução com Dom Pedro e é recebida com festa no Rio, em 1817. Além das damas de honra e outras serviçais, Dona Leopoldina traz uma equipe de artistas e cientistas, como o pintor Thomas Ender, o zoólogo Natterer, o botânico Pohl e os naturalistas Spix e Martius. A princesa era dedicada, culta, praticamente uma cientista amadora. Já Dom Pedro gostava de artes militares e era mulherengo.




EPISÓDIO 11 - Sem perder a majestade

Dom João é aclamado rei de Portugal, Brasil e Algarves. Mas, na terrinha, as coisas não andavam muito bem: a insatisfação do povo com o descaso da Corte culmina na Revolução Liberal do Porto. Os portugueses exigem, entre outras coisas, o retorno de Dom João a Lisboa.











EPISÓDIO 12 - Adeusinho!!!


Dom João continua a ser pressionado para voltar a Portugal. Ele declara aderir e adotar para o Reino do Brasil a Constituição portuguesa, com modificações. O povo português reage e exige a constituição sem restrições. Pressionado, Dom João aceita, mas os portugueses só se acalmariam com a presença do rei. Sem outra alternativa, o regente decide pelo retorno e embarca no dia 24 de abril de 1821. Raspa os cofres e leva cerca de 3.000 e cinquenta milhões de cruzados do Banco do Brasil. Dom Pedro fica com o desafio de administrar um país sem fundos, com crises políticas e desavenças, que levariam à independência um ano depois, sob sua liderança.











sexta-feira, 3 de julho de 2015

Nossa Literatura - Poema AS PALAVRAS RESSUSCITARÃO - Jorge de Lima



AS PALAVRAS RESSUSCITARÃO - Jorge de Lima

As palavras envelheceram dentro dos homens

separadas em ilhas,

as palavras se mumificaram na boca dos legisladores;

as palavras apodreceram nas promessas dos tiranos;

as palavras nada significam nos discursos dos homens públicos.


E o Verbo de Deus é uno mesmo com a profanação dos homens de Babel,

mesmo com a profanação dos homens de hoje.

E, por acaso, a palavra imortal há de adoecer?

E, por caso, as grandes palavras semitas podem desaparecer?

E, por acaso, o poeta não foi designado para vivificar a palavra de novo?


Para colhê-la de cima das águas e oferecê-la outra vez aos homens do continente?

E, não foi ele apontado para restituir-lhe a sua essência,

e reconstituir seu conteúdo mágico?

Acaso o poeta não prevê a comunhão das línguas,

quando o homem reconquistar os atributos perdidos com a Queda,

e quando se desfizerem as nações instaladas ao depois de Babel?


Quando toda a confusão for desfeita,

o poeta não falará, do ponto em que se encontrar,

a todos os homens da terra, numa só língua — a linguagem do Espírito?

Se por acaso viveis mergulhados no momento e no limite,

não me compreendereis, irmão!


COUTINHO, Afrânio (org.). Jorge de Lima. Obra Completa. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1958, vol. I. p.467-468.

Jorge de Lima

Jorge Mateus de Lima (União dos Palmares, 23 de abril de 1893 — Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1953) foi um político, médico, poeta, romancista, biógrafo, ensaísta, tradutor e pintor brasileiro. Inicialmente autor de versos alexandrinos, posteriormente transformou-se em um modernista.
Era filho de um comerciante rico e mudou-se para Maceió em 1902, com a mãe e os irmãos. Em 1909 foi morar em Salvador onde iniciou os estudos de medicina. Concluiu o curso no Rio de Janeiro em 1914, mas foi como poeta que projetou seu nome. Neste mesmo ano publicou o primeiro livro, XIV Alexandrinos.

Voltou para Maceió em 1915 onde se dedicou à medicina, além da literatura e da política. Quando se mudou de Alagoas para o Rio, em 1930, montou um consultório na Cinelândia, transformado também em ateliê de pintura e ponto de encontro de intelectuais. Reunia-se lá gente como Murilo Mendes, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Nesse período publicou aproximadamente dez livros, sendo cinco de poesia. Também exerceu o cargo de deputado estadual, de 1918 a 1922. Com a Revolução de 1930 foi levado a radicar-se definitivamente no Rio de Janeiro.


Em 1939 passou a dedicar-se também às artes plásticas, participando de algumas exposições. Em 1952, publicou seu livro mais importante, o épico Invenção de Orfeu. Em 1953, meses antes de morrer, gravou poemas para o Arquivo da Palavra Falada da Biblioteca do Congresso de Washington, nos Estados Unidos.