O LIVRO

O LIVRO

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Nossa Literatura - LIVRO: BRASIL A HISTÓRIA CONTADA POR QUEM VIU



Autor: Jorge Caldeira
Lançamento: 2008
Editora: Mameluco
Nº de páginas: 656
Formato:
14 x 21 cm
ISBN: 978-85-60432-05-9
Preço: R$ 60,00

Qual era a cor da mula que d. Pedro I montava no dia 7 de setembro quando proclamou a independência do Brasil? O que Getúlio Vargas fez segundos antes de atirar contra o próprio coração? O que Jânio Quadros fazia enquanto tramava um golpe? O livro Brasil: a história contada por quem viu, resultado de dois anos de trabalho de uma equipe de 21 pessoas chefiada por Jorge Caldeira, revela ao público a história do Brasil contada a partir do olhar das pessoas que viveram os mais importantes momentos da construção da nossa nação.
O Descobrimento - chegada de Pedro Álvares Cabral
Ele traz 173 depoimentos históricos que vão desde a chegada de Cabral até o final do século XX. São verdadeiras joias, que revelam aspectos até então completamente desconhecidos de nossa história. Alguns autores são anônimos. Outros, são grandes escritores, como José de Anchieta, Antônio Vieira, Gregório de Matos, Tomás Antônio Gonzaga, Visconde de Taunay, Machado de Assis, Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graciliano Ramos e Ruth Cardoso. Entre os destaques do livro estão textos inéditos, que ficaram séculos guardados em arquivos.


A seleção dos textos seguiu dois critérios básicos: 1. O evento foi fundamental na vida brasileira; 2. Foi pessoalmente vivido, com a experiência direta se transformando em substância da história que cada escritor conta. Dessa maneira, história geral e história pessoal se encontram e se misturam. Notas explicativas detalhadas garantem uma leitura fluente e informativa ao leitor.

O AUTORJorge Caldeira (São Paulo, 20 de dezembro de 1955) é um escritor, doutor em Ciência Política, mestre em sociologia e bacharel em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo


terça-feira, 26 de maio de 2015

Nossa Pátria - GEOGRAFIA DO BRASIL - 27 de Maio Dia Internacional da MATA ATLÂNTICA

Mapa da ecorregião da Mata Atlântica definida pelo WWF. A linha amarelo escuro representa os limites dessa ecorregião. Imagem de satélite da NASA.
MATA ATLÂNTICA

Levantamento detecta queda de 24% na derrubada da Mata Atlântica.  Hoje no Jornal Nacional, na Rede Globo...Assista o video:  http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-nacional/t/edicoes/v/levantamento-detecta-queda-de-24-na-derrubada-da-mata-atlantica/4209241/

A Mata Atlântica é um bioma de floresta tropical que abrange a costa leste, sudeste e sul do Brasil, leste do Paraguai e a província de Misiones, na Argentina. Seus processos ecológicos evoluíram a partir do Eoceno, quando os continentes eram relativamente dispostos como estão hoje. A região é ocupada por seres humanos há mais de 10 000 anos.1 2 A partir da colonização européia, e principalmente, no século XX, a Mata Atlântica passou por intenso desmatamento, restando menos de 10% da cobertura vegetal original.

É um grande centro de endemismo e suas formações vegetais são extremamente heterogêneas, indo desde campos abertos em regiões montanhosas até florestas chuvosas perenes nas terras baixas do litoral. A fauna abriga diversas espécies endêmicas, e muitas são carismáticas, como o mico-leão-dourado e a onça-pintada. O WWF dividiu a Mata Atlântica em 15 ecorregiões, visando manter ações mais regionalizadas na conservação, já que o grau de desmatamento e as ações conservacionistas são específicas para cada região abrangida pelo bioma.

Atualmente, menos de 10% da cobertura original existe, a maior parte em pequenos fragmentos de floresta secundária. No Brasil, restam cerca de 7% (a maior parte na Serra do Mar), no Paraguai, cerca de 15% e na Argentina, 45% da vegetação. Na conservação da Mata Atlântica brasileira, a criação de dois corredores ecológicos ligando os principais remanescentes de floresta no sul da Bahia e norte do Espírito Santo (Corredor Central) e os fragmentos na região da Serra do Mar e da Serra dos Órgãos (Corredor da Serra Mar) são de suma importância na conservação da biodiversidade. Os remanescentes do Paraguai e Argentina fazem parte de uma estratégia triinacional de conservação, com a criação de corredores unindo as principais unidades de conservação desses países e outras quatro unidades de conservação do Brasil.  Na Argentina, restam cerca de 10 000 km², o que representa o maior trecho contínuo de "Mata Atlântica do Interior". A Lei do Corredor Verde é uma tentativa de resguardar legalmente esses trechos de floresta na Argentina. No Paraguai, o desmatamento se deu principalmente a partir da década de 1990 e as unidades de conservação são poucas e na maior parte particulares. Apesar do alto grau de desmatamento, a região da Mata Atlântica é a que mais possui unidades de conservação na América Latina, apesar de muitas serem pequenas e insuficientes.


A Mata Atlântica é o lar de uma rica biodiversidade.




Garça-real,l Pilherodius pileatus





A preservação do mico-leão-dourado,
 cujo o habitat é a Mata Atlântica, deu início às atividades da Rede WWF no Brasil. 



Foz do Iguaçu, onde a parte brasileira da Mata Atlântica
 se encontra com Argentina e Paraguai, é um dos focos de atuação do WWF-Brasil no bioma.


Assista ao vídeo para saber como o WWF-Brasil trabalha para conservar a Mata Atlântica: 
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/mata_atlantica/


domingo, 24 de maio de 2015

Nossa Literatura - CULTURA POPULAR - CORDEL RESISTE Á TECNOLOGIA GRÁFICA





O Cariri mantém uma das mais ricas tradições da cultura popular. É a literatura de cordel que atravessa os séculos sem ser destruída pela avalanche de modernidade que invade o sertão lírico e telúrico. Na contramão do progresso, que informatizou a indústria gráfica, a Lira Nordestina, de Juazeiro do Norte, e a Academia dos Cordelistas do Crato conservam em suas oficinas velhas máquinas para impressão dos seus cordéis.

Em um rompimento com o tradicional, foi criada, em Juazeiro, a Sociedade dos Cordelistas Malditos, uma versão caririense do movimento literário que surgiu na França, no século 18, liderado pelo poeta Paul Verlaine que tinha como objetivo transgredir a poesia convencional.

Os “malditos” de Juazeiro surgiram da necessidade de se contrapor ao sistema tradicional de fazer cordel que, segundo a idealizadora do Projeto Sesc-Cordel, Novos Talentos, Francisca Pereira dos Santos, conhecida por “Fanca”, defende uma temática conservadora, machista e racista. Os cordelistas malditos são mais livres, prosaicos, falam sobre sexualidade e política, mas adotam o sistema antigo de fazer cordel, com sextilhas, papel jornal e xilogravura. O projeto Sesc-Cordel firmou convênio com a gráfica Lira Nordestina, mantida pela Universidade Regional do Cariri (Urca), para a publicação de dois cordéis por mês.

 A oficina da Lira Nordestina é um verdadeiro museu da arte gráfica. Máquinas importadas, como guilhotinas, linotipo, rotoplanas e impressoras manuais — “dinossauros” da indústria gráfica que já foram vedetes dos mais modernos jornais do início do século passado — estão em pleno funcionamento na Lira Nordestina, em Juazeiro. O grande problema é a escassez de tipos (letras), para confecção das chapas.
A chapa para impressão do cordel é feita à mão, letra por letra, um trabalho artesanal que dura cerca de uma hora para confecção de uma página. Em seguida, a chapa é levada para a impressora, também manual, para imprimir. A manutenção desse sistema antigo de impressão faz parte da filosofia do trabalho. A outra etapa é a confecção da xilogravura para a capa do cordel.

As xilogravuras são ilustrações populares obtidas por gravuras talhadas em madeira. Anteriormente, a xilogravura tinha uso considerado “menos nobre”, como a confecção de rótulos de garrafas de cachaça e outros produtos. Sua grande popularidade veio com o cordel. As matrizes para a impressão das ilustrações são talhadas em madeira mole (o cajá, por exemplo), geralmente pelos próprios autores das histórias de cordel que utilizam apenas um canivete ou faca doméstica, bem amolados. No Cariri, o trabalho é feito em umburana.

Um dos mais conhecidos xilógrafos do Cariri é José Lourenço da Silva que já participou de exposições no Sul do País e no exterior. Ele possui álbuns de xilogravuras, contando a vida de Padre Cícero, Lampião e Patativa do Assaré. Agora, ele está lançando cartões-postais com xilogravuras. Recentemente, reproduziu a capa do cordel “Pavão Misterioso” para uma exposição em São Paulo, comemorativa aos 100 anos do antológico cordel.

A origem da xilogravura nordestina até hoje é ignorada. Acredita-se que os missionários portugueses tenham ensinado sua técnica aos índios, como uma atividade extra-catequese, partindo do princípio religioso que defende a necessidade de ocupar as mãos para que a mente não fique livre, sujeita aos maus pensamentos, ao pecado. A xilogravura antecedeu ao clichê, placa fotomecanicamente gravada em relevo sobre metal, usualmente zinco, que era utilizada nos jornais impressos em rotoplanas.

Antônio Vicelmo-onordeste.com (Rádio Educadora Crato-CE)


terça-feira, 19 de maio de 2015

Nossa Língua - COISAS DE NOSSA LÍNGUA - "CACOFONIA''




Cacofonia, cacófato ou cacófaton, é o nome que se dá a sons desagradáveis ao ouvido formados muitas vezes pela combinação do final de uma palavra com o início da seguinte, que ao ser pronunciadas podem dar um sentido ridículo, ou apenas serem indistinguíveis entre si.

A cacofonia pode constituir-se em um dos chamados vícios de linguagem.

Na Literatura vários exemplos de cacófatos podem ser coletados que, entretanto, podem ser justificáveis. Em Camões, no soneto "Alma Minha...", a própria expressão-título é criticada por formar o cacófaton "maminha".

O historiador José Marques da Cruz , porém, justifica a expressão como:
"própria do século XVI, em que vários clássicos empregaram frases assim: amigo meu, amiga minha. alma minha (...) É que toda gente estudava o latim puro, onde se diz amicus meus (e não meus amicus), anima mea ( e não mea anima), mostrando sempre os escritores da época, nos seus escritos, a profunda influência da sintaxe latina."

Nossa Língua: COISAS DE NOSSA LÍNGUA - A QUESTÃO DOS "PORQUÊS"

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Nossa Literatura - LITERATURA DE CORDEL - Livro: LENDAS DO FOLCLORE BRASILEIRO




Eis aqui mais um trabalho de Arievaldo Viana feito em parceria com JÔ OLIVEIRA. O livreto LENDAS BRASILEIRAS EM CORDEL, onde narra em cordel as lendas da MÃE DO OURO, CURUPIRA, BOTO COR-DE-ROSA e A MULA SEM CABEÇA. O trabalho foi feito por encomenda dos CORREIOS que lançou quatro selos de Jô Oliveira referentes à essas lendas do povo brasileiro. A seguir, trechos da LENDA DO CURUPIRA:


A LENDA DO CURUPIRA EM CORDEL
Autor: Arievaldo Viana – Desenhos: Jô Oliveira

1 - A poesia é um dom
Que a musa divina inspira
É a pepita que ofusca
O cascalho da mentira
Peço ajuda ao universo
Para narrar, no meu verso,
A lenda do Curupira.

2 - Tem os cabelos vermelhos
Dentes de rara beleza
Verdes como a esmeralda
Luz de vagalume acesa
Não gosta de caçador
É o gênio protetor
Das coisas da Natureza.

3 - Diz a lenda que um índio
Um dia, por distração,
Adormeceu na floresta
E acordou de supetão
Na sua frente sorria
O Curupira e queria
Comer o seu coração.

4 - O caçador já matara
Ali alguns animais
Então concebeu um plano
Astucioso e sagaz
Um coração lhe arranjou
O Curupira provou
E sorriu, pedindo mais.

5 - Um coração de macaco
O caçador lhe entregou
O Curupira comeu
O coração e gostou,
O caçador respondeu:
- Agora me dê o seu;
Que o meu você devorou...

6 - O Curupira inocente
Agiu com todo respeito
Pediu a faca do índio
E cravou no próprio peito
Depois ficou estirado
E o caçador assombrado
Saiu depressa, sem jeito.

7 - Por muito tempo o tal índio
Não queria mais caçar
Por mais que os seus amigos
Viessem lhe convidar
Ele inventava desculpa
No peito trazia a culpa
Medo, tristeza e pesar.

8 - A filha do caçador
Pediu a ele um colar
O índio, pai devotado,
Resolveu ir procurar
Os dentes do Curupira
Brilhantes como safira
Para a filhinha enfeitar.

9 - Achou o crânio do gênio
E ali mesmo procurou
Bater com ele na pedra
Mas logo que o tocou
De uma maneira funesta
O espírito da floresta
Depressa ressuscitou.

10 - O Curupira entendeu
Que ele fosse o responsável
Por sua ressurreição
E de modo muito amável
Deu-lhe um arco pra caçada
E uma flecha encantada
De valor inestimável.


(...)


Nossa Literatura - LITERATURA DE CORDEL - O EMBAIXADOR DO SERTÃO

CORDEL: O EMBAIXADOR DO SERTÃO


Ilustração: Rafael Limaverde

Ilustração: JÔ OLIVEIRA
O EMBAIXADOR DO SERTÃO (trechos)

Certa feita Lampião
Passou lá no povoado
O povo da região
Ficou muito apavorado,
Seguia pra Juazeiro
O cangaceiro afamado.


As famílias se esconderam
Com medo de Lampião
Januário e sua gente
Arrumaram o matulão
E foram se esconder
Sob um pé de “sombrião”.


Passados então dois dias
O Gonzaga disse assim
Eu vou lá no povoado
Ver se a coisa está ruim
Eu vou e volto escondido
Podem confiar em mim.


Nisto o velho Januário
Que admirava a coragem
Lhe disse: – Vá com cuidado
Pela margem da rodagem
Observe o movimento
E faça breve viagem.


Luiz foi, observou,
Lampião tinha saído,
Ele que era travesso
Um molequinho enxerido
Voltou em grande carreira
Fazendo um grande alarido:


- Corre gente! Corre tudo
Que Lampião vem chegando!!!
Com mais de cinqüenta cabras
Já vem se aproximando!
Foi enorme a correria
E a meninada chorando.


A rir dessa confusão
Gonzaga então começou;
Mas o velho Januário
Daquilo desconfiou
E devido a brincadeira
Um castigo ele levou.


Foi uma surra e tanto, conforme o próprio Gonzaga declarou mais tarde ao escritor Sinval Sá, autor de “O sanfoneiro do Riacho da Brígida”, a primeira biografia do ‘Lua’, publicada em Fortaleza em 1966.
O CANGAÇO DITA A MODA – A roupa dos cangaceiros, aqueles chapéus de couro vistosos, cheios de medalhas e penduricalhos era o que mais fascinava o menino Gonzaga. Por isso, depois de consolidar sua música e projetar-se em todo o Brasil, Luiz Gonzaga cismou de se apresentar na Rádio Nacional vestido de cangaceiro, o que lhe valeu uma séria advertência do diretor Floriano Faissal. Advertência não, proibição sumária.
Mas Gonzaga era teimoso e continuou usando o seu chapéu de cangaceiro nas capas dos discos, nas fotos promocionais e em tudo que era show onde se apresentava. Sua persistência prevaleceu e o figurino incorporado por ele passou a ser imitado por quase todos os cantores do gênero que surgiram nas décadas de 1950 a 1970.

* * *

VER POSTAGEM COMPLETA NA COLUNA
MALA DA COBRA, no jornal da BESTA FUBANA:

http://www.luizberto.com/coluna/mala-da-cobra-arievaldo-vianna

fonte:    http://acordacordel.blogspot.com.br/

MAIS SOBRE LITERATURA DE CORDEL NO BLOG, Clique aquihttp://brasil-meubrasil-brasileiro.blogspot.com.br/search/label/literatura%20de%20cordel





quarta-feira, 13 de maio de 2015

Nossa História - Data Comemorativa - 13 de maio - A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA






Após a Independência do Brasil, as discussões a este respeito estenderam-se por todo o período do Império, tendo adquirido relevância a partir de 1850 e caráter verdadeiramente popular, a partir de 1870, culminando com a assinatura da Lei Áurea de 13 de maio de 1888, que extinguiu a escravidão negra no Brasil.A história do abolicionismo no Brasil remonta à primeira tentativa de abolição da escravidão indígena, em 1611, e a sua abolição definitiva, pelo Marquês de Pombal, durante o reinado de D. José I, e aos movimentos emancipacionistas no período colonial, particularmente a Conjuração Baiana de 1798, em cujos planos encontrava-se o da erradicação da escravidão.
O trabalho escravo no mundo

Quando se fala em escravidão, é difícil não pensar nos portugueses, espanhóis e ingleses que superlotavam os porões de seus navios com negros africanos, colocando-os à venda por toda a região da América.

É difícil não nos lembrar dos capitães-do-mato, que eram os homens que perseguiam os negros que haviam fugido das fazendas, dos Palmares, da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, da dedicação e ideias defendidas pelos abolicionistas e de muitos outros fatos ligados a este assunto.

A escravidão é bem mais antiga do que o tráfico dos africanos. Ela vem desde os primórdios da história humana, quando os povos vencidos em batalhas eram escravizados por seus conquistadores. Exemplo são os hebreus, que foram vendidos como escravos desde o começo de sua história.

Algumas civilizações antigas usaram e dependeram do trabalho escravo para a execução de tarefas mais pesadas e rudimentares. Grécia e Roma foram duas delas, detendo um grande número de escravos, contudo, muitos de seus escravos eram bem tratados e tiveram a chance de comprar sua liberdade.

O último país do mundo a abolir a escravidão foi a Mauritânia, somente em 9 de novembro de 1981, pelo decreto de número 81.234.



A escravidão no Brasil

 Quando os portugueses começaram a colonização do Brasil, não existia mão-de-obra para a realização de trabalhos manuais. Por isso, iniciou-se a exploração da mão-de-obra indígena; Mas os jesuítas, por considerarem os índios puros e sem malícia, os defenderam da escravidão. Assim, os portugueses foram à busca de negros na África para submetê-los ao trabalho escravo.

No Brasil, a escravidão começou na primeira metade do século XVI, com a produção de açúcar . Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como mercadorias no Brasil. Os mais saudáveis, chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos. Também era mais valorizados os negros vindos de Angola e Moçambique, chamados Bantos, para o trabalho na lavoura, e os negros vindos do porto de Mina, hoje Elmina na atual Gana, eram mais valorizados na mineração de ouro em Minas Gerais. Os negros "Minas", muito comuns na Bahia (por esta ficar mais próxima de Gana do que de Angola), já trabalhavam na mineração de ouro na África Ocidental.

Em São Paulo, na época chamada Capitania de São Vicente, dada a extrema pobreza dos seus moradores, não era possível a aquisição de escravos africanos por serem estes muito caros, por isso, os bandeirantes recorriam à mão de obra indígena.

O transporte dos escravos era feito, da África para o Brasil, nos porões do navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.

Nos engenhos de cana-de-açúcar ou nas minas de ouro, a partir do século XVIII, os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Em Minas Gerais, no início da mineração, o preço do escravo, assim como de demais mercadorias, era extremamente elevado, devido a enorme carestia de vida que ali havia, sendo muito elevados os preços de todos os gêneros como relata André João Antonil no livro "Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas".

Passavam as noites nas senzalas, que eram galpões escuros, úmidos e com pouca higiene, acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil-Colônia. O pena de açoite só seria abolida, por lei imperial em 1885, e esta abolição da pena de açoite estimulou os escravos a fugirem, pois não tinham que temerem mais esse tipo de punição caso fosse recapturados, o que fez aumentarem em muito a fuga de escravos nos últimos anos da escravidão no Brasil.

Eram proibidos de praticarem suas religiões de origem africana e de realizarem suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, sob a alegação de que cumpriam o mandamento cristão de batizar todas as criaturas, razão pela qual muitos negros se tornaram cristãos, especialmente os "Bantos", sendo que, ao contrário, a maioria dos "Minas", que eram mais numerosos na Bahia, permaneceu na religiosidade africana. Assim, explicou a importância da religião cristã, na visão dos proprietários de escravos, o deputado geral José de Alencar, na seção da Câmara Geral, atual Câmara dos Deputados, em 13 de julho de 1871:

A grande virtude e a excelência do cristianismo está justamente em que ele se amolda a todas as condições sociais. Consola todas as misérias, todas as dores deste mundo. Se é um esplendor para os reis, é um refúgio para os cativos. A todos grandes e pequenos, ilustres e obscuros, ricos e pobres, a todos a religião aponta uma esperança inefável: a esperança de uma vida melhor. ( José de Alencar)

Os escravos tinham que adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, muitos não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.

As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos do Brasil-Colônia. Muitas mulheres escravas tinham que fazer sexo com seus senhores, o que deu origem a uma grande população mulata no Brasil.


Navio Negreiro - Tráfico de escravos


No Século do Ouro, século XVIII, alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a carta de alforria. Muitos senhores alforriavam seus escravos em seus testamentos. Ou então, juntando alguns "trocados" durante toda a vida, conseguiam a sua liberdade. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedade acabavam fechando as portas para estas pessoas.

navio negreiro
 A escravatura foi abolida em Portugal, no Reinado de D. José I, a 12 de Fevereiro de 1761, pelo Marquês de Pombal, no Reino/Metrópole e na Índia, contudo no Brasil (à época colônia portuguesa) ela permaneceu em atividade.

O negro também reagiu à escravidão: foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando, nas florestas, os famosos quilombos, comunidades onde os integrantes viviam em uma organização comunitária onde podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi. Em Minas Gerais, o quilombo mais famoso foi o Quilombo do Ambrósio. Diversos destes quilombos, paradoxalmente, se utilizam com frequência de trabalho escravo.
Quanto a violência praticada pelos quilombos e quilombolas, Luiz Gonzaga da Fonseca, no seu livro "História de Oliveira", na página 37, descreve o caos provocado no Caminho de Goiás, a Picada de Goiás, pelo quilombolas do Quilombo do Ambrósio, o principal quilombo de Minas Gerais:

"Não há dúvida que esta invasão negra fora provocada por aquele escandalosa transitar pela picada, e que pegou a dar na vista demais. Goiás era uma Canaã. Voltavam ricos os que tinham ido pobres. Iam e viam mares de aventureiros. Passavam boiadas e tropas. Seguiam comboios de escravos. Cargueiros intérminos, carregados de mercadorias, bugigangas, miçangas, tapeçarias e sal. Diante disso, negros foragidos de senzalas e de comboios em marcha, unidos a prófugos da justiça e mesmo a remanescentes dos extintos cataguás, foram se homiziando em certos pontos da estrada ("Caminho de Goiás" ou "Picada de Goiás").

Essas perigosas quadrilhas, sucursais dos quilombolas do rio das mortes, assaltavam transeuntes e os deixavam mortos no fundo dos boqueirões e perambeiras, depois de pilhar o que conduziam. Roubavam tudo. Boidadas. Tropas. Dinheiro. Cargueiros de mercadorias vindos da Corte (Rio de Janeiro). E até os próprios comboios de escravos, mantando os comboeiros e libertando os negros trelados. E com isto, era mais uma súcia de bandidos a engrossar a quadrilha. Em terras oliveirenses açoitava-se grande parte dessa nação de “caiambolas organizados” nas matas do Rio Grande e Rio das Mortes, de que já falamos. E do combate a essa praga é que vai surgir a colonização do território (de Oliveira (Minas Gerais) e região). Entre os mais perigosos bandos do Campo Grande, figuravam o quilombo do negro Ambrósio e o negro Canalho.

A abolição após a independência

 José Bonifácio de Andrada e Silva, em sua famosa representação à Assembleia Constituinte de 1823, já havia chamado a escravidão de "cancro mortal que ameaçava os fundamentos da nação".

No Período Regencial, desde 7 de novembro de 1831, a Câmara dos Deputados havia aprovado e a Regência promulgado um lei que proibia o tráfico de escravos africanos para o país, porém esta lei não foi aplicada.

Em Março de 1845 esgotou-se o prazo do último tratado assinado entre o Brasil e a Grã-Bretanha e o Governo britânico decretou, em agosto, o Bill Aberdeen. Com o nome de Lord Aberdeen, do Foreign Office (o Ministério britânico das Relações Exteriores), o Ato dava ao Almirantado britânico o direito de aprisionar navios negreiros, mesmo em águas territoriais brasileiras, e julgar seus comandantes. Os capitães ingleses receberam poderes de atracar navios brasileiros em alto mar e verificar se transportava escravos — deveriam se desfazer da carga, devolvendo os escravos à África, ou transferi-la para os navios ingleses.

Criticado até na Inglaterra, por pretender se tornar "guardiã moral do mundo", no Brasil o Bill Aberdeen provocou pânico em traficantes e proprietários de escravos e de terras. A consequência imediata do Bill Aberdeen foi o significativo, e paradoxal, aumento no comércio de escravos, pois foram antecipadas as compras antes da proibição em definitivo, e, especialmente na grande elevação do preço dos escravos. Caio Prado Júnior diz que, em 1846, entraram 50.324 escravos e, em 1848, 60 mil. Calcula-se que, até 1850, o país recebeu 3,5 milhões de africanos cativos.

Os navios ingleses perseguiam embarcações suspeitas, a Marinha britânica invadia águas territoriais, ameaçava bloquear portos. Houve incidentes, troca de tiros no Paraná. Alguns capitães, antes de serem abordados, jogavam no oceano a carga humana. Os infratores eram fazendeiros ou proprietários rurais, todos escravagistas. As províncias protestavam, pois na época, no Brasil, a escravidão era coisa natural, integrada à rotina e aos costumes, vista como instituição necessária e legítima. Uma sociedade intensamente desigual dependia do escravo para manter-se.

Os conservadores (chamados de saquaremas, no poder desde 1848) culpavam os liberais (chamados de luzias) de terem se submetido à coação inglesa. Sabiam perfeitamente que o tráfico negreiro deveria ter fim, que a escravidão estava condenada mas alegavam que tal decisão deveria caber ao Governo, para preservar a soberania nacional e garantir a segurança interna – na verdade, sua intenção era estender a escravidão o máximo possível. Mas D. Pedro II, com problemas no Rio da Prata, necessitava da Inglaterra. Em março de 1850, o primeiro-ministro inglês Gladstone ameaçara fazer cumprir os tratados à "ponta da espada, pela guerra até o extermínio."

Cedendo às pressões, D. Pedro II deu passo importante: seu Gabinete elaborou um projeto de lei, apresentado ao Parlamento pelo Ministro da Justiça Eusébio de Queirós, que adotava medidas eficazes para a extinção do tráfico. Convertido em lei nº 581, de 4 de setembro de 1850, determinava seu artigo 3:

"São autores do crime de importação, ou de tentativa dessa importação, o dono, o capitão ou mestre, o piloto e o contramestre da embarcação, e o sobrecarga. São cúmplices a equipagem, e os que coadjuvarem o desembarque de escravos no território brasileiro de que concorrerem para ocultar ao conhecimento da autoridade, ou para os subtrair à apreensão no mar, ou em ato de desembarque sendo perseguida". Um dos seus artigos determinava o julgamento dos infratores pelo Almirantado, passando assim ao Governo imperial o poder de julgar, poder antes conferido a juízes locais.


Os conservadores continuavam empenhados em manter o sistema escravista e a estrutura colonial de produção. Para racionalizar o uso da mão de obra escrava, agora muito mais cara, incentivaram, então, o tráfico interno, realizado pelos antigos traficantes, tirando o escravo das áreas onde a agricultura decaía, como os engenhos de açúcar do litoral nordestino, para as exaustivas funções da grande lavoura nas novas regiões cafeeiras em expansão no Centro-Sul, deixando para o trabalhador imigrante as demais atividades.

Bóris Fausto, que tanto escreveu sobre a imigração no Brasil, estima que o tráfico interprovincial, de 1850 a 1888, deslocou de 100 a 200 mil escravos. Mas o esvaziamento descontentará os senhores de escravos e de terras nordestinas, que viraram abolicionistas. Estes abolicionistas esperavam que, cessando o fornecimento de escravos, a escravidão desaparecesse aos poucos – o que não aconteceu.

Tantos foram os protestos que Eusébio de Queirós teve que comparecer à Câmara dos Deputados, em julho de 1852, apelar para a mudança da opinião pública. Lembrou que muitos fazendeiros do Norte enfrentavam dificuldades financeiras, sem poder pagar suas dívidas com os traficantes. Muitos haviam hipotecado suas propriedades para especuladores e grandes traficantes - entre os quais numerosos portugueses - para obter recursos destinados à compra de mais cativos.

Lembrou ainda que se continuasse a entrar no Império tão grande quantidade de escravos africanos, haveria um desequilíbrio entre as categorias da população - livres e escravos - ameaçando os primeiros. A chamada «boa sociedade» ficaria exposta a «perigos gravíssimos», pois o desequilíbrio já provocara numerosas rebeliões (devia lembrar a dos Malês, em Salvador, em 1835).

No ano de 1854 era aprovada a Lei Nabuco de Araújo, Ministro da Justiça de 1853 a 1857, que previa sanções para as autoridades que encobrissem o contrabando de escravos. Os últimos desembarques de que se tem notícia aconteceram em 1856.

A imigração até 1850 vinha sendo um fenômeno espontâneo. Entre 1850 e 1870, passou a ser promovida pelos latifundiários. Vindos primeiramente da Alemanha, sem êxito, e depois da Itália, os imigrantes, muitas vezes enganados e com contratos que os faziam trabalhar em regime quase escravo, ocuparam-se do trabalho rural na economia cafeeira. Tantos retornaram a seus países que houve necessidade de intervenção de consulados e das entidades que os protegiam, como algumas sociedades promotoras de imigração. Foram muitas as regiões em que os escravos foram substituídos pelos imigrantes. Algumas cidades em 1874 tinham 80% dos trabalhadores rurais negros, e, em 1899, 7% de trabalhadores negros e 93% brancos.

A escravidão começou a declinar com o fim do tráfico de escravos, em 1850 (Após a aprovação de lei de autoria de Eusébio de Queirós). Progressivamente, os imigrantes europeus assalariados substituíram os escravos no mercado de trabalho. Mas foi só a partir da Guerra do Paraguai que o movimento abolicionista ganhou impulso. Milhares de ex-escravos que retornaram da guerra vitoriosos, muitos até condecorados, correram o risco de voltar à condição anterior por pressão dos seus antigos donos. O problema social tornou-se uma questão política para a elite dirigente do Segundo Reinado.

A abolição do tráfico de escravos, as várias epidemias de malária, a constante fugas de escravos, seu baixo índice de reprodução, e a alforria de muitos escravos, inclusive daqueles que lutaram na Guerra do Paraguai, contribuíram sensivelmente para a diminuição da quantidade de escravos, no Brasil, quando da época da abolição.

A campanha abolicionista

 Em 1880, políticos importantes, como Joaquim Nabuco e José do Patrocínio, criam, no Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, que estimula a formação de dezenas de agremiações semelhantes pelo Brasil. Da mesma forma, o jornal O Abolicionista, de Nabuco, e a Revista Ilustrada, de Ângelo Agostini, servem de modelo a outras publicações antiescravistas. Advogados, artistas, intelectuais, jornalistas e políticos engajam-se no movimento e arrecadam fundos para pagar cartas de alforria. Embora não se divulgue muito, a Igreja Positivista do Brasil, de Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes, teve uma atuação destacada na campanha abolicionista, inclusive ao deslegitimar a escravidão, vista, a partir de então, como uma forma bárbara e atrasada de organizar o trabalho e tratar os seres humanos.

Teve participação destacada na campanha abolicionista, a maçonaria brasileira, sendo que quase todos os principais líderes da abolição foram maçons. José Bonifácio, pioneiro da abolição, Eusébio de Queirós que aboliu o tráfico de escravos, o Visconde do Rio Branco responsável pela Lei do Ventre Livre e os abolicionistas Luís Gama, Antônio Bento, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Silva Jardim e Rui Barbosa eram maçons. Em 1839, os maçons David Canabarro e Bento Gonçalves emancipam escravos durante a Guerra dos Farrapos.

No Recife, os alunos da Faculdade de Direito mobilizam-se, sendo fundada uma associação abolicionista por alunos como Plínio de Lima, Castro Alves, Rui Barbosa, Aristides Spínola, Regueira Costa, dentre outros.

Em São Paulo, destaca-se o trabalho do ex-escravo, um dos maiores heróis da causa abolicionista, o advogado Luís Gama, responsável diretamente pela libertação de mais de 1.000 cativos. Criou-se também na capital paulista a Sociedade Emancipadora de São Paulo com a participação de líderes políticos, fazendeiros, lentes da Faculdade, jornalistas e, principalmente de estudantes.

O país foi tomado pela causa abolicionista, e, em 1884, o Ceará e o Amazonas aboliram a escravidão em seus territórios. Nos últimos anos da escravidão no Brasil, a campanha abolicionista se radicalizou com a tese "Abolição sem indenização" lançada por jornalistas, profissionais liberais e políticos que não possuíam propriedades rurais.

 A lei do ventre livre

 O Partido Liberal comprometeu-se publicamente com a causa do nascimento de crianças a partir daquela data , mas foi o gabinete do Visconde do Rio Branco, do Partido Conservador, que promulgou a primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871. Em defesa da lei, o Visconde do Rio Branco apresenta a escravidão como uma "instituição injuriosa", menos para os escravos e mais para o país, sobretudo para sua imagem externa.

Depois de 21 anos sem qualquer medida governamental em relação ao fim da escravidão, foi votada a "Lei Rio Branco", mais conhecida como "Lei do Ventre Livre", que considerava livres todos os filhos de escravos nascidos a partir da sua data, e pretendia estabelecer um estágio evolutivo entre o trabalho escravo e o regime de trabalho livre, sem, contudo, causar mudanças abruptas na economia ou na sociedade. Na Câmara dos Deputados, o projeto de lei obteve 65 votos favoráveis e 45 contrários. Destes, 30 eram de deputados das três províncias cafeeiras: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. No Senado do Império, foram 33 votos a favor e 7 contra. Entre os votos contrários, 5 foram de senadores das províncias cafeeiras.

Segundo o disposto na lei, os filhos dos escravos - chamados de ingênuos - tinham duas opções: ou ficavam com os senhores de suas mães até a maioridade (21 anos) ou poderiam ser entregues ao governo. Na prática, os escravocratas mantiveram os ingênuos nas suas propriedades, tratando-os como se fossem escravos. Em 1885, dos 400.000 ingênuos, somente 118 ingênuos foram entregues ao governo - os proprietários optavam por libertar escravos doentes, cegos e deficientes físicos. Por outro lado, a Lei Rio Branco teve o mérito de expor as mazelas da escravidão na imprensa e em atos públicos. Na década de 1890, cerca de meio milhão de crianças foram libertadas quando estariam entrando em idade produtiva.

A Lei do Ventre Livre declarava de condição livre os filhos de mulher escrava nascidos desde a data da lei. O índice de mortalidade infantil entre os escravos aumentou, pois além das péssimas condições de vida, cresceu o descaso pelos recém-nascidos. A ajuda financeira prevista pela Lei do Ventre Livre, aos fazendeiros, para estes, arcarem com as despesas da criação dos ingênuos jamais foi fornecida aos fazendeiros:

* § 1.º da lei 2040:- Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob a autoridade dos senhores de suas mães, os quais terão a obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da mãe terá opção, ou de receber do Estado a indenização de 600$000, ou de utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos. No primeiro caso, o Governo receberá o menor e lhe dará destino, em conformidade da presente lei.

 A lei dos sexagenários

 A partir de 1887, os abolicionistas passaram a atuar no campo, muitas vezes ajudando fugas em massa, fazendo com que por vezes os fazendeiros fossem obrigados a contratar seus antigos escravos em regime assalariado. Em 1887, diversas cidades libertam os escravos; a alforria era normalmente condicionada à prestação de serviços (que, em alguns casos, implicava na servidão a outros membros da família).

Ceará e Amazônia libertaram seus escravos em 1885. A decisão do Ceará aumentou a pressão da opinião pública sobre as autoridades imperiais. Em 1885, o governo cedeu mais um pouco e promulgou a Lei Saraiva-Cotegipe, que regulava a "extinção gradual do elemento servil".

A Lei Saraiva-Cotegipe ficou conhecida como a Lei dos Sexagenários. Nascida de um projeto do deputado baiano Rui Barbosa, esta lei libertou todos os escravos com mais de 60 anos, mediante compensações financeiras aos seus proprietários mais pobres para que ajudassem esses ex-escravos. Porém, esta parte da lei jamais foi cumprida e os proprietários de escravos jamais foram indenizados. Os escravos que estavam com idade entre 60 e 65 anos deveriam "prestar serviços por 3 anos aos seus senhores e após os 65 anos de idade seriam libertos".

Poucos escravos chegavam a esta idade e já sem condições de garantir seu sustento, ainda mais que agora precisavam competir com os imigrantes europeus. Acresce ainda que, no recenseamento de 1872, que fez a primeira matrícula geral de escravos, muitos fazendeiros tinham aumentado a idade de seus escravos para burlarem a matrícula de 1872, escondendo os ingênuos introduzidos por contrabando após a Lei Eusébio de Queirós.

Numerosos negros robustos e ainda jovens eram, legalmente, sexagenários, sendo libertos, neste caso, pela Lei dos Sexagenários, ainda em condições de trabalho. Os proprietários ainda tentariam anular a libertação, alegando terem sido enganados porque não foram indenizados como prometia a lei. As zonas recentemente desbravadas do oeste paulista se revelavam mais dispostas à emancipação total dos escravos: ricas e prósperas, já exerciam grande atração sobre os imigrantes, mais bem preparadas para o regime de trabalho assalariado.

 Os quilombos

 Também os negros e mulatos escravizados passaram a participar mais ativamente da luta, fugindo das fazendas e buscando a liberdade nas cidades, especialmente, depois de 1885, quando foram proibidos os castigos corporais aos escravos fugidos quando fossem recapturados. A lei nº 3.310, de 15 de outubro de 1886, revogou o artigo nº 60 do Código Criminal de 1830 e a lei nº 4, de 10 de Junho de 1835, na parte em que impõem a pena de açoites, e determinou que “ao réu escravo serão impostas as mesmas penas decretadas pelo Código Criminal e mais legislação em vigor para outros quaisquer delinquentes”.
No interior de São Paulo, liderados pelo mulato Antônio Bento e seus caifazes, milhares deles escaparam das fazendas e instalaram-se no Quilombo do Jabaquara, em Santos. A essa altura, a campanha abolicionista misturou-se à campanha republicana e ganhou um reforço importante: O Exército Brasileiro pediu publicamente para não mais ser utilizado na captura dos fugitivos. Nos últimos anos da escravidão no Brasil, a campanha abolicionista adotou o lema "Abolição sem indenização". Do exterior, sobretudo da Europa, chegavam apelos e manifestos favoráveis ao fim da escravidão.
Quilombos - escravos fugitivos
Essas fugas em massa de escravos para a cidade de Santos, geraram violência, que foi denunciada, nos debates sobre a Lei Áurea, em 9 de novembro de 1888, na Câmara Geral, pelo deputado geral Andrade Figueira que acusou a polícia paulista (Força Pública) e políticos de serem coniventes com estas fugas, o que levou os proprietários de escravos paulistas a libertarem seus escravos para evitar mais violência.

A lei áurea e suas consequências

 Em 13 de maio de 1888, o governo imperial rendeu-se às pressões e a princesa Isabel de Bragança assinou a lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. A decisão desagradou aos fazendeiros, que exigiam indenizações pela perda de "seus bens". Como não as conseguiram, aderiram ao movimento republicano. Ao abandonar o regime escravista, o Império perdeu uma coluna de sustentação política. O fim da escravatura, porém, não melhorou a condição social e econômica dos ex-escravos. Sem formação escolar ou uma profissão definida, para a maioria deles a simples emancipação jurídica não mudou sua condição subalterna nem ajudou a promover sua cidadania ou ascensão social.

Sobre as consequências negativas da abolição sem amparo aos escravos, no livro "Centenário de Antônio Prado", editado em 1942, Everardo Valim Pereira de Souza fez esta análise:
Cquote1.svg Segundo a previsão do Conselheiro Antônio Prado, decretada de afogadilho a “Lei 13 de maio”, seus efeitos foram os mais desastrosos. Os ex-escravos, habituados à tutela e curatela de seus ex-senhores, debandaram em grande parte das fazendas e foram "tentar a vida" nas cidades; tentame aquele que consistia em: aguardente aos litros, miséria, crimes, enfermidades e morte prematura.

Dois anos depois do decreto da lei, talvez metade do novo elemento livre havia já desaparecido! Os fazendeiros dificilmente encontravam "meieiros" que das lavouras quisessem cuidar. Todos os serviços desorganizaram-se; tão grande foi o descalabro social. A parte única de São Paulo que menos sofreu foi a que, antecipadamente, havia já recebido alguma imigração estrangeira; O geral da Província perdeu quase toda a safra de café por falta de colhedores!

A lei Áurea foi o coroamento da primeira mobilização nacional da opinião pública, na qual participaram políticos e poetas, escravos, libertos, estudantes, jornalistas, advogados, intelectuais e operários.
Original do Diário Oficial de 14 de maio de 1888, com a lei 3353, abolindo a escravidão no Brasil.

Esse 13 de maio, (que já foi feriado nacional durante a República Velha), da princesa Isabel de Bragança (filha do Imperador Dom Pedro II), que estudamos na escola primária é o 13 de maio da doação da liberdade, e ressalta o apoio dado por muitos brancos da época à abolição da escravatura.

Os militantes do atual movimento negro no Brasil evocam um outro 13 de maio, que vê a abolição, em 13 de maio de 1888, como sendo um "golpe branco" visando frear o avanço da população negra, na época, um minoria oprimida.

Num terceiro enfoque, o 13 de maio é visto como conquista popular. Nesse enfoque se devem centrar os debates modernos, que encarem o problema negro como problema nacional. Todo o processo da abolição no Brasil foi lento e ambíguo, pois, como afirma José Murilo de Carvalho: "A sociedade estava marcada por valores de hierarquia, de desigualdade; marcada pela ausência dos valores de liberdade e de participação; marcada pela ausência da cidadania", e mostra ainda José Murilo que não eram apenas grandes fazendeiros que possuíam escravos. Diz ainda o mesmo historiador:

Era uma sociedade em que a escravidão como prática, senão como valor, era amplamente aceita. Possuíam escravos não só os barões do açúcar e do café. Possuíam-nos também os pequenos fazendeiros de Minas Gerais, os pequenos comerciantes e burocratas das cidades, os padres seculares e as ordens religiosas. Mais ainda: possuíam-nos os libertos. Negros e mulatos que escapavam da escravidão compravam seu próprio escravo se para tal dispusessem de recursos. A penetração do escravismo ia ainda mais a fundo: há casos registrados de escravos que possuíam escravos. O escravismo penetrava na própria cabeça escrava. Se, é certo que ninguém no Brasil queria ser escravo, é também certo que muitos aceitavam a ideia de possuir escravo.

Escreve ainda o mesmo autor, ao comentar a "carga de preconceitos que estruturam nossa sociedade, bloqueiam a mobilidade, impedem a construção de uma nação democrática":
A batalha da abolição, como perceberam alguns abolicionistas, era uma batalha nacional. Esta batalha continua hoje e é tarefa da nação. A luta dos negros, as vítimas mais diretas da escravidão, pela plenitude da cidadania, deve ser vista como parte desta luta maior. Hoje, como no século XIX, não há possibilidade de fugir para fora do sistema. Não há quilombo possível, nem mesmo cultural. A luta é de todos e é dentro do monstro.

  Zumbi dos Palmares

 Zumbi dos Palmares (1655/1695) foi o líder do mais importante dos quilombos, o Quilombo dos Palmares.
Era sobrinho do rei Ganga Zumba, foi alfabetizado pelo padre Antônio Melo, com quem aprendeu latim, mas nunca aceitou a condição de escravo. Tinha seu mocambo na Serra da Barriga, atual município de União dos Palmares (AL).

Zumbi dos Palmares

Resistiu à invasão da praça-forte do quilombo, tomada pelo bandeirante e capitão-do-mato Domingos Jorge Velho em 1694 e retirou-se, para empreender ações de guerrilha. Traído, teve o esconderijo descoberto e foi morto na atual Serra dos Dois Irmãos, em Viçosa (AL) em 1695.

Referências:
ANNAES do Parlamento Brazileiro
- Camara dos Deputados, terceira sessao
Vigesima Legislatura de 1888 Volume I,

Imprensa Nacional RJ 1888.

ATIVIDADES- VAMOS PINTAR: Clique nas figuras e salve-as






domingo, 3 de maio de 2015

Nossa Pátria - O SERTÃO BRASILEIRO

Um lugar chamado Sertão. Que lugar tão belo, místico e violento é esse? Palco de belezas naturais e manchado de sangue. Um lugar que se encontra "Nar Brenha" do Nordeste Brasileiro, citado por diversos escritores da língua portuguesa, entre eles Euclides da Cunha no seu livro Os Sertões. Ser-tão assim Sertão.

mapa do nordeste brasileiro


Um lugar permeado pelos contrastes, território quase mítico da sociedade brasileira, sendo caracterizado como um semi-deserto com condições bioclimáticas adversas e que mesmo assim abriga centenas de comunidades, este é o Sertão. O Sertão brasileiro é umas das quatro sub-regiões do Nordeste do Brasil, nascido pelo processo de interiorização dos colonizadores portugueses entre os séculos XVI e XVII, através do desenvolvimento da pecuária e do comércio nesta região. O nome “Sertão” tem origem no apelido que os desbravadores colocavam – “Desertão”- e que terminou reduzindo-se a sua designação atual.

Sertão da Paraíba por Ricardo Funari

O Sertão também tem servido ao longo dos anos como temática recorrente aos escritores da literatura brasileira, fundando uma literatura denominada sertaneja ou sertanista que se encaixa na chamada literatura regionalista, que é caracterizada pela referência a certo espaço geográfico e estereotipia do mesmo. A figura do nordestino sertanejo, as condições áridas do seu espaço e da sua vida, as dificuldades em relação à estiagem, o jogo de poderes políticos em meio a ações ‘’coronelistas’’, a violência e a beleza que envolve as relações afetivas, tudo isto faz parte do imaginário que a maioria das pessoas tem do Sertão, e que não deixa de ser verdade.

Atualmente a realidade sertaneja tem sido aos poucos modificada pelas ações de políticas públicas, embora ainda a desigualdade social e as “secas” nunca deixaram de existir. Muito maiores que os problemas climáticos são as questões que envolvem o poder político nesta região, o que levou ao geólogo Aldo da Cunha Rebouças (1962) dizer: “Constatei que o problema do Nordeste não é de seca, mas de cerca". Dentre uma das grandes obras que retrataram este cenário, expondo a indignação e a luta do povo sertanejo é o livro Os Sertões de Euclides da Cunha, publicado em 1902 após cinco anos do episódio acontecido na localidade de Canudos, cujo desfecho o escritor testemunhou como repórter informativo do jornal O Estado de São Paulo.

Arraial de Canudos foi palco de um momento sangrento da história brasileira, marcado pela opressão de uma classe mais baixa pelo poderio do exército brasileiro a mando de ricos latifundiários e dos governantes da República recentemente proclamada. Sob a organização da figura do religioso/ líder espiritual Antônio Conselheiro, um conjunto de ex escravos, homens e mulheres sertanejos e cangaceiros reuniram-se em uma comunidade construída sob bases sustentadas pelas mazelas sociais e uma crença religiosa em comum. Antônio Conselheiro foi retratado como um misto de ‘’louco e santo’’, despertando receio da imprensa, do clero e dos latifundiários pelas ideias revolucionárias e monarquistas.

Arraial de Canudos

Os Sertões expõe antes de tudo, o incômodo gerado pelo ambiente no escritor, onde seu olhar se encontrava dividido entre servir como jornalista informativo ou dar vazão a seus conceitos e princípios humanitários frente ao problema social visivelmente exposto, descrevendo a terra, o homem e a luta do grupo de resistência contra o exército. Os sertanejos resistiram bravamente a três expedições lideradas por diferentes comandantes do exército e da polícia local, mas na quarta expedição que se iniciou em abril de 1897 até outubro do mesmo ano, os sertanejos não mais conseguiram sair vitoriosos frente a inúmeras tropas fortemente armadas.
Prisioneiros da Guerra de Canudos - Flávio de Barros, 1897



O líder político e espiritual, Antônio Conselheiro, foi morto e teve sua cabeça decepada. Os militantes que não foram mortos em confronto foram mortos por degolamento, e o Arraial de Canudos foi inteiramente queimado pelas tropas. Aproximadamente foram 25 mil moradores de Canudos que foram dizimados, manchando de sangue novamente o chão do nordeste brasileiro. A brutalidade presente na leitura deste momento histórico é tão marcante para ilustrar a criação da fantasia que permeia o espaço nordestino, quanto à frase dita pelo personagem Riobaldo no livro Grande Sertão: Veredas (1956) de Guimarães Rosa, que é: “Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera”.


Data Comemorativa - 3 de Maio - DIA DO SERTANEJO





 Hoje, dia 3 de Maio é considerado o Dia do Sertanejo. Mas de que sertanejo estamos falando? Da música, do povo ou dos dois?
sertão brasileiro
Em 1960, violeiros seguiam anualmente em romaria para a cidade de Aparecida/SP, para assistir a um dia de missas. Quatro anos mais tarde, Geraldo Meireles, o “Marechal da Música Sertaneja” (na época ele estava começando a surgir no cenário sertanejo), propôs que os violeiros passassem a se encontrar todo ano em uma mesma data, para que pudesse ser instituído o “Dia do Sertanejo”.


Com o apoio da Rádio Aparecida e a aceitação dos violeiros, no dia 3 de maio de 1964, Meireles levou a dupla Tonico & Tinoco para se apresentar na cidade, e desde então, a data ficou registrada como “O Dia do Sertanejo”.

Nossa Pátria - 3 de Maio - DIA DO PAU-BRASIL - A ÁRVORE QUE DEU NOME A TERRA!


Pau-Brasil


Da família das leguminosas (Caesapilna, echinata, Lam.), é também conhecida por Ibirapitanga, muirapiranga, sapão, pau-rosado, pau-de-pernambuco. A sua flor perfumada é amarela, destacando-se uma pétala manchada de vermelho. De cerne rubro com manchas escuras, cresce com lentidão e atinge a altura de vinte e trinta metros. Floresce em outubro e novembro.

 
Símbolo da nossa terra, árvore que batizou o país, o pau-brasil é cada vez mais raro em solo brasileiro. Poucos cidadãos já tiveram o privilégio de ver uma árvore da espécie, porque as regiões onde eram encontradas em grandes quantidades sofreram violento processo de devastação, fazendo com que o pau-brasil fosse incluído na lista das espécies ameaçadas de extinção desde 2004. Graças a algumas iniciativas no campo da preservação do meio ambiente, nos últimos anos, a árvore aos poucos vai tentando recuperar seu status de cidadã brasileira. Em 2012, o Ministério do Meio Ambiente anunciou a promoção de ações estratégicas para proteger o pau-brasil. O Programa Nacional de Conservação do Pau-brasil (PNC) foi instituído pela Portaria nº 320/2012 publicada no Diário Oficial da União.

O Pau-Brasil foi o primeiro empreendimento de exploração econômica no Brasil. Essa madeira já era conhecida  pelos europeus, que a utilizavam como corante  na indústria têxtil: até então, o produto vinha do Oriente.
Foi, pois, dessa árvore de que se extraía uma tintura vermelha, que a população nativa já usava  para tingimento de fibras do algodão, que se derivou o nome "Brasil", embora a discussão  sobre a origem do nome esteja longe do fim.
O então rei de Portugal firma um contrato com os mercadores para a exploração da madeira nas novas terras. Em troca,  eles deveriam enviar navios ao Brasil, construir e manter aqui uma fortaleza, e pagar impostos à Coroa. Assim nasceram os "brasileiros", nome dado aos comerciantes do pau-brasil.
O escambo foi uma das maneiras utilizadas  para explorar o trabalho indígena na extração da madeira.
Na base da troca de miçangas, tecidos e roupas, canivetes, facas e  outros objetos, os nativos derrubavam as árvores, obtinham as toras e armazenavam nas feitorias
.
O Pau-Brasil ocupou o centro da história brasileira durante  todo o primeiro século da colonização. Abundante na época da chegada dos portugueses e hoje quase extinta, atualmente só é encontrada  em jardins botânicos e em parques nacionais, plantada vez por outra em cerimônias patrióticas.
O Brasil deve igualmente ao Pau-Brasil uma das suas principais manifestações artísticas. Oswald de Andrade, no que denominou "Manifesto  Pau-Brasil", publicado em 18 de março de 1924 no Correio da Manhã do Rio de Janeiro, deu nova dimensão à arte brasileira, contrastando, sem rejeitar o internacionalismo, o Brasil mulato e tropical com o da indústria moderna.

"(...) A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passarinhos cantando na mata resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal anda todo o presente.
Nenhuma fórmula para a  contemporânea expressão  do mundo. Ver com os olhos livres.
Temos a base dupla e presente - a floresta e a escola. A raça crédula e dualista  e a geometria, a álgebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva- doce. Um misto de "dorme-nenê que o bicho vai pegá" e de equações.
Uma visão que bata nos cilindros dos moinhos, nas turbinas elétricas; nas usinas produtoras, nas questões cambiais, sem perder de vista o Museu Nacional. Pau-Brasil.
(...) Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jornais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil."
- Oswald de Andrade-
(Correio da Manhã, 18 de março de 1924).


Antropofagia - Tarsila do Amaral
Mas, ninguém mais do que  Tarsila do Amaral expressou melhor a Pintura Pau-Brasil, redescobrindo com sua arte o passado colonial brasileiro.À frente dos Modernistas, Tarsila liderou o movimento que em 1928 ficou mundialmente conhecido como Movimento Antropofágico.

Esta nação, que tem a maior biodiversidade do mundo, cujo nome veio de uma árvore, foi motivo da devastação de um dos mais ricos ecossistemas do planeta e deve, para não deixar repetir o que aconteceu no passado, fazer cumprir a legislação ambiental, para que o potencial de suas florestas não continue sendo explorado irracionalmente.



Infográfico do jornal “O Estado de S. Paulo” sobre os usos do pau-brasil


Árvore típica da Mata Atlântica, o pau-brasil precisa da ação conjunta de iniciativas públicas e privadas para permanecer na flora brasileira. Para quem não conhece, segue uma breve descrição: tem o tronco e galhos cheios de espinhos e pode atingir 30 metros de altura. Depois de 375 anos de exploração, agora ela é considerada a árvore nacional, está protegida por lei e não pode mais ser cortada das florestas.

ATIVIDADES - Vamos Pintar: Clique na figura para ampliá-la e salve-a