Vicente Augusto de Carvalho, o "Poeta do Mar",nascido na cidade litorânea de Santos, São Paulo em 5 de abril de 1866, falecido na mesma cidade em 22 de abril de 1924, foi um advogado, jornalista, político, abolicionista, fazendeiro, deputado, magistrado, poeta e contista brasileiro. No fim da vida, cansou-se do jornalismo, mas continuou em contato com seus leitores através dos versos que publicava nas páginas da revista "A Cigarra". Ocupou a Cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras, tendo sido eleito em 1º de maio de 1909, na sucessão de Artur Azevedo.
OBRAS:
Ardentias (1885);
Relicário (1888);
Rosa, rosa de amor (1902);
Poemas e canções (1908);
Versos da mocidade (1909);
Verso e prosa (1909);
Páginas soltas (1911);
A voz dos sinos (1916);
Luizinha, contos (1924);
Discursos e obras políticas e jurídicas.
VELHO TEMA I
Só a leve esperança em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada,
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada,
E que não chega nunca em toda a vida.
Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos,
Toda arreada de dourados pomos,
Existe, sim, mas nós não a alcançamos,
Por que está sempre apenas onde a pomos,
E nunca a pomos onde nós estamos.
VELHO TEMA II
Eu cantarei de amor tão fortemente
Com tal celeuma e com tamanhos brados
Que afinal teus ouvidos, dominados,
Hão de à força escutar quanto eu sustente.
Quero que meu amor se te apresente
- Não andrajoso e mendigando agrados,
Mas tal como é: risonho e sem cuidados,
Muito de altivo, um tanto de insolente.
Nem ele mais a desejar se atreve
Do que merece: eu te amo, e o meu desejo
Apenas cobra um bem que se me deve.
Clamo, e não gemo; avanço, e não rastejo;
E vou de olhos enxutos e alma leve
À galharda conquista do teu beijo.
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