í em Friburgo, no Rio de Janeiro, não antes de imortalizar seu nome em nossa história
Filho de Luiza Joaquina das Neves e do comerciante português, José Joaquim Marques de Abreu, Casemiro José Marques de Abreu nasceu em 04 de janeiro de 1839. Cresceu no distrito de Barra de São João, que hoje pertence ao município Casimiro de Abreu, que o homenageia. Aos dez anos, seus pais o mandaram para o Rio de Janeiro, onde o poeta receberia estudos e aprenderia um ofício. Lá, ele teria seu primeiro emprego em um armazém de secos e molhados que pertencia ao seu pai.
Foi nessa época que Casimiro deu seus primeiro passou na vida boêmia que o marcaria. Grande apreciador da escrita, o poeta foi mandado para Portugal aos 19 anos, onde manteve sua vida desregrada, mas começou a publicar suas poesias em revistas e jornais da capital lusitana e conheceu o estilo de diversos escritores portugueses. Volta ao Brasil para se tratar da tuberculose que o acometeu eque viria a ser a causa de sua morte. Morre o poeta no dia 18 de outubro de 1860 aos 23 anos de idade.
Temática literária
Dentro da Literatura, Casimiro de Abreu está inserido na segunda geração do Romantismo brasileiro e foi o poeta mais lido e declamado desta época. Ficou conhecido como o “poeta da saudade” por constantemente tratar o tema em seus versos. Além do saudosismo de suas obras, Casemiro de Abreu deu um toque suave a outros assuntos como a natureza e o amor sem a carga de pessimismo e culpa dos românticos da geração anterior.
A musicalidade de seus versos conquistou o público feminino, que se identificava com a mulher descrita pelo poeta. Eram mulheres doces, mas que tinham vidas comuns, colhiam flores e eram comparadas a pássaros. Outras características marcantes são o uso da linguagem coloquial e a valorização de elementos prosaicos.
Diferente de seus contemporâneos, Casimiro de Abreu não idealizou uma mulher perfeita, mas falou principalmente do saudosismo da infância, assunto bastante corriqueiro e sempre atual. O poema Oito Anos, por exemplo, traz elementos doces como o “perfume das flores” e o “céu bordado d’estrelas”. Neste cenário, está refletida a saudade do “ingênuo folgar”, em que “respira a alma inocência”.
Meus oito anos
Casemiro de Abreu
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d’amor!Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus —
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!…………………………..
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
Outra obra de destaque é Primaveras, em que Casimiro de Abreu seleciona uma série de poemas com seus temas prediletos. Na coletânea, além do saudosismo da infância, é possível conferir a saudade da terra natal, a devoção pela pátria brasileira e a exaltação da juventude. Casimiro de Abreu desdenha o verso branco e o soneto, prefere a estrofe regular, que melhor transmite a cadência da inspiração “doce e meiga” e o ritmo mais cantante.
A exaltação da pátria veio com a influência que Casimiro de Abreu teve na obra de Gonçalves Dias, da primeira geração romântica. Apesar de ser secundária, a temática é bem presente no legado do poeta.
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