O LIVRO

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sexta-feira, 7 de março de 2014

NOSSA HISTÓRIA - A CASA DA MOEDA DO BRASIL - CMB



A Casa da Moeda do Brasil foi fundada em 8 de março de 1694, no Brasil Colônia, pelos governantes portugueses para fabricar moedas com o ouro proveniente das minerações. Na época, a extração de ouro era muito expressiva no Brasil e o crescimento do comércio começava a sofrer com a falta de um suprimento local de moedas.
Cena de cunhagem de moedas por meio de balancim no século XVI e XVII.


Em 1695, a cunhagem das primeiras moedas genuinamente brasileiras foi iniciada na Praça do Palácio, cidade de Salvador, Bahia, primeira sede da CMB, permitindo a substituição progressiva das diversas moedas estrangeiras que aqui circulavam.

Após várias idas e vindas entre o Rio de Janeiro e cidades no nordeste do Brasil e em Minas Gerais, a CMB foi definitivamente transferida para o Rio de Janeiro, então capital da República, operando inicialmente em instalações provisórias e, mais tarde, em amplo prédio construído na Praça da República, inaugurado em 1868. Essa planta foi modernizada no período de 1964 a 1969, com o propósito de assegurar ao país a autossuficiência na produção de seu meio circulante.
O crescimento da economia brasileira durante os anos subsequentes exigiu a expansão da capacidade de produção da empresa. Um novo complexo industrial, representando um dos maiores do gênero no mundo, foi especificamente projetado, construído e inaugurado em 1984, no Distrito Industrial de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A fábrica de moedas é capaz de produzir até 4 bilhões de moedas por ano, atendendo toda a demanda de moedas do meio circulante brasileiro.

As "Casas da Moeda" no Brasil

Anteriormente à oficialização da Casa da Moeda do Brasil, em 1694, era livre a exploração das minas de ouro ou prata - desde que se pagasse à Fazenda Real a quinta parte do que fosse extraído - o metal era fundido em barras nas Casas de Fundição, onde eram devidamente marcadas com as armas do Reino, com o número de ordem, o nome da casa, a titulagem do metal, o ano da fundição e o peso. Além de emissão de certificado de pagamento do "quinto" e de posse.

As Casas de Fundição não eram propriamente estabelecimentos metalúrgicos ditos organizados, dispondo de poucos instrumentos, forjas pequenas e balanças de pouca precisão. No entanto, algumas chegavam a operar como verdadeiras Casas de Moeda, modificando características de moedas e até produzindo numerário próprio.

Com o passar do tempo, as Casas de Fundição foram perdendo sua finalidade e sendo extintas, até o fechamento definitivo determinado por lei em 1832.

Casa da Moeda da Bahia (1694-1698)

Início das atividades: 08/03/1694
Encerramento: 12/01/1698
Local: Praça do Palácio (atual esquina da Rua da Misericórdia com a Ladeira da Praça), Salvador, Bahia


Cidade de Salvador vista pelo mar com a indicação da localização da primeira Casa da Moeda. Desenho de José Caldas
A primeira Casa da Moeda do Brasil foi criada no governo de D. Pedro II, de Portugal, para suprir a deficiência de numerário para realização de pagamentos e organizar o meio circulante dominado por moedas de vários países marcadas e remarcadas.

Bahia ou São Paulo? 
Cidade de Salvador vista pelo mar com a indicação da localização da primeira Casa da Moeda. Desenho de José Caldas


A primeira Casa da Moeda do Brasil teria sido realmente na Bahia? Estudos mais recentes, baseados em documentos da época, comprovam que cinquenta anos antes, moedas de ouro já eram batidas em São Paulo, capital da capitania de São Vicente. Mas, poderia essa atividade em São Paulo ser considerada uma Casa da Moeda oficial? Ou tratava-se apenas de mais uma oficina de fundição que fazia, também, moedas?

Casa da Moeda do Rio de Janeiro (1698-1700)

Início das atividades: 12/01/1698
Encerramento: 20/01/1700
Local: Junta do Comércio, próximo à Ladeira São Bento, Rio de Janeiro

Levando-se em conta a total falta de segurança e a pirataria verificada nas costas brasileiras, foi conveniente e seguro instalar a Casa da Moeda na cidade do Rio de Janeiro e não mais remeter o dinheiro para a cidade de Salvador.

Casa da Moeda de Pernambuco (1700-1702)

Início das atividades: 13/10/1700
Encerramento: 12/10/1702
Local: Rua da Moeda, Vila do Recife, Pernambuco

O comércio crescia e a escassez de numerário estava ocasionando graves problemas. A transferência do Rio para Recife foi estratégico na logística do setor. Aproveitou-se o prédio da antiga Oficina de Recunhagem na rua Maria Rodrigues, posteriormente, Rua da Moeda.

Casa da Moeda do Rio de Janeiro (1703-até hoje)
Edifício do Real Erário, antiga Casa dos Pássaros. Foto de Gilson Koatz



Edifício do Real Erário, antiga Casa dos Pássaros. Foto de Gilson Koatz
Início das atividades: 14/01/1703
Local: Junta do Comércio, próximo à Ladeira São Bento (Rua Direita), Rio de Janeiro;
Em 1706, transferida para a nova instalação na Praça do Carmo (atual Praça XV);

Em 1743, transferência para o recém construído Palácio dos Vice-reis, na Casa dos Governadores, Largo do Carmo;
Em 1814, a sede passa a ser a Casa dos Pássaros, no edifício do Real Erário, Rua do Sacramento (atual Avenida Passos);
Em 1868, transferida para a Praça da Aclamação (atual Praça da República);
Em 1984, transferida para o novo Parque Industrial, no Distrito de Santa Cruz, ainda no Rio de Janeiro
"Rua Direita do Rio de Janeiro"
em aquarela de Thomas Ender
A queda acentuada do movimento da Casa da Moeda de Pernambuco e o Rio de Janeiro ressentindo-se de um estabelecimento cunhador para suprir o desenvolvimento da região, determinou-se a reabertura da Casa da Moeda do Rio de Janeiro mantendo-se ativa até hoje.



Casa da Moeda da Bahia (1714-1830)

Início das atividades: 14/11/1714
Encerramento: 29/11/1830
Local: Praça do Palácio, Salvador, Bahia

Em decorrência do apogeu da produção aurífera na região nordeste, a fluente evasão de ouro e da grande carência de metal cunhado para circulação local foi estabelecido a reabertura da Casa da Moeda da Bahia resgatando da Casa da Moeda do Rio de Janeiro o treslado do Livro de Registros das atividades que exercera no período de 1694 a 1698.

Casa da Moeda de Minas Gerais (1725-1735)

Início das atividades: 01/02/1725
Encerramento: 21/07/1735
Local: Morro de Santa Quitéria, Vila Rica (atual Ouro Preto), Minas Gerais

A produção ostensiva de ouro na região, propiciou a instalação da terceira Casa da Moeda, em atividade, para atender a demanda local.

Casa da Moeda de Vila da Cachoeira (1823-1823)
Igreja e Convento do Carmo, na Vila da Cachoeira onde, em 1823, funcionou a Casa
da Moeda. Foto de JF Paranaguá


Início das atividades: 07/06/1823
Encerramento: 04/07/1823
Local: Convento do Carmo, Vila da Cachoeira, Salvador, Bahia


Igreja e Convento do Carmo, na Vila da Cachoeira onde, em 1823, funcionou a Casa
da Moeda. Foto de JF Paranaguá
Com o agravamento das relações entre a Colônia e Portugal, iniciado em 1822 por causa da declaração da independência do Brasil, intensificaram-se as hostilidades armadas entre o partido brasileiro e o português, começando a grande retirada dos moradores para a Vila da Cachoeira. Conforme cita Renato Berbert de Castro, a cidade de Salvador encontrava-se dominada pelo brigadeiro português Inácio Luiz Madeira de Melo, nomeado pela Metrópole que, mesmo após o Grito da Independência, permanecia à frente da força militar, ordenando a ocupação da cidade. A violência imperava sobre a região, ocasionando o êxodo da população. O centro das operações foi transferido para a Vila da Cachoeira, ali instalando-se o Conselho Interino de Governo. A luta pela consolidação da Independência do Brasil, na Bahia, somente terminou a 2 de Julho de 1823, cessando as atividades do Conselho Interino de Governo, sendo constituído Governo provisório e retornando os serviços à Capital.

A instalação de uma Casa da Moeda em outro local que não fosse a capital, foi aprovada por D. Pedro dado que as instalações em Salvador estavam inutilizadas, a fábrica parada, os oficiais e operários evadidos para o Recôncavo. A nova Casa da Moeda funcionou até que a situação foi normalizada.

fonte de pesquisa: MOEDAS DO BRASIL, www.moedasdobrasil.com.br

NOSSA HISTÓRIA - "Você sabia que...?" - MARCO NA HISTÓRIA - 8 de março de 1694

Você sabia que ...? em 8 de março de 1694 por causa da descoberta de ouro em Minas Gerais, a coroa portuguesa funda a primeira CASA DA MOEDA no Brasil, com sede na Praça do Palácio, em Salvador.  

A Casa da Moeda foi instalada no Brasil pela carta de lei de 8 de março de 1694, com a finalidade de cunhar moedas para circular na colônia. Inicialmente estabelecido em Salvador, o órgão foi transferido para outras localidades em diversas ocasiões, atendendo à necessidade de suprir o meio circulante em regiões de maior desenvolvimento econômico e também como forma de evitar ataques de corsários.(GONÇALVES, 1989, p. 138).

Cidade de Salvador vista pelo mar com a indicação da localização da primeira Casa da Moeda. Desenho de José Caldas

NOSSA HISTÓRIA -" Você sabia que...?"': MARCO NA HISTÓRIA - 7 de março de 1808

Você sabia que...? em 7 de março de 1808,  DOM JOÃO VI e a família real portuguesa chegaram ao Rio de Janeiro depois de cruzar o Atlântico fugindo das tropas de Napoleão que haviam invadido Portugal.

      1808 é o ano da Vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil – por volta de 15 mil pessoas. Veja na Foto abaixo qual foi o trajeto da Família Real:


quinta-feira, 6 de março de 2014

NOSSA LITERATURA - Os Meus Sonhos - CASIMIRO DE ABREU



Os Meus Sonhos

Como era belo esse tempo
De tão doces ilusões,
De tardes belas, amenas,
De noites sempre serenas,
De estrelas vivas e puras;
Quadra de riso e de flores
Em que eu sonhava venturas,
Em que eu cuidava de amores.

Ah! minha infância saudosa,
Que me mostravas à mente,
Nesse viver inocente,
Tão verdejante e florida
A longa estrada da vida,
Que é toda tão escabrosa!
E eu, inexperta criança,
Que tinha fé no porvir
Por ver o mar em bonança
E minha mãe a sorrir!…
E julguei que era verdade!
E acreditava nos sonhos
Feiticeiros e risonhos!…
Ilusões da mocidade
Cheias de terna magia,
Nascem douradas e belas
Como o fulgor das estrelas…
E morrem no mesmo dia!…

* * *

Sonhei que o mundo era um prado
Lindo, lindo, matizado
Das flores do meu jardim;
Sonhei a vida uma estrada
De gozos entrelaçada,
De gozos que não têm fim.

Esses sonhos de magia
Criei-os na fantasia
À meiga luz do luar,
E quando conta segredos
Na rama dos arvoredos
Na brisa que beija o mar.

Sonhei-os assim brilhantes
Naqueles doces instantes
De silêncio e de oração;
Quando as estrelas seduzem
E qunado os lábios traduzem
As vozes do coração.

Sobre o peito reclinada
Eu tinha a fronte inspirada
Duma formosa mulher,
E fraco um raio da lua
Beijando-lhe a face nua
Dava-lhe brilho e poder.

De certo a lua serena
Um rosto como o de Helena
Nunca, nunca iluminou;
E nunca ouvirei na vida
Voz mais terna e mais sentida
Dizer-me: – Sou tua, sou!

Numa noite mui fagueira,
Como visão prazenteira,
Por entre beijos de amor,
eu vi surgir uma estrela
Linda, linda, muita bela,
Com doce e meigo fulgor.

Na perdida fantasia,
De luz, de amor, de alegria
Abrilhantarei o porvir;
E segui, qual mariposa,
Aquela chama formosa,
Que eu via ao longe luzir!

Mentira, tudo mentira!
Os meus sonhos... ilusões!
As cordas da minha lira
Já não soletram canções,
A mente já não delira,
E se louco num momento
Revolvo no pensamento
Esse passado de amores...
Se triste o peito suspira...
Eu ouço um eco da terra
Bradar-me com voz que aterra:
Mentira, tudo mentira!

Foram sonhos. Eram lindos,
Eram lindos... mas passaram!
E desses sonhos já findos
Só lembranças me ficaram.
Só lembranças bem saudosas
Dessas noites tão formosas
Em que os sonhos despertaram,
Só lembranças desses sonhos,
Desses sonhos que passaram!...

Hoje vivo, se é que vida
Andar co'a fronte pendida
Calado e triste a cismar;
E nessa imensa tristeza,
Nessas horas d'incerteza
Em que adormece o luar,
Em que toda a natureza
E' silêncio, amor e paz,
Eu sinto a alma saudosa
Perguntar com voz queixosa:
— Lindos sonhos, onde estais?!
Então um eco medonho
Responde por cada sonho
C'um gemido... e nada mais!

A minha sina cumpriu-se,
A sina que Deus me deu!
O eco responde triste:
A linda estrela – sumiu-se!
A tua Helena – morreu!

                    Casimiro de Abreu


Casimiro José Marques de Abreu (Silva Jardim, 4 de janeiro de 1839 — Nova Friburgo, 18 de outubro de 1860) foi um poeta brasileiro da segunda geração romântica.

terça-feira, 4 de março de 2014

NOSSA LÍNGUA - A questão da vírgula


Vamos analisar estes  exemplos:
1. ” Matar o rei não é crime” -  e com as vírgulas: “ Matar o rei, não, é crime."

2. "Os torcedores do Santos  gritavam, choravam , cantavam e aplaudiam o time extasiados." - e sem vírgulas: "Os torcedores do Santos gritavam choravam cantavam e aplaudiam extasiados."

O que acham, é importante o uso de vírgulas nestas duas sentenças? acham que deveria ser abolido o uso de vírgulas já que ela está se tornando redundante  na era digital?  Emilio Fraia, colunista do blog da Companhia das Letras faz um apanhado divertido sobre o sinal gráfico mais usado em textos e cita a polêmica entre os que defendem seu uso e aqueles que estão decretando o fim da vírgula.



"A questão das vírgulas"  

“No futuro nós vamos usar vírgulas?”, pergunta este artigo da Slate. O texto parte da declaração de um linguista e professor da Universidade de Columbia, John McWhorter, para quem a vírgula está se tornando redundante na era digital — e poderia ser abolida sem causar nem coceguinha. “Tire as vírgulas dos textos que lemos por aí”, desafia McWhorter, “a perda de clareza vai ser tão pequena que poderíamos deixar de usá-las de uma vez.”

Além da internet, dão razão a McWhorter a Gertrude Stein, que considerava as vírgulas “servis e sem vida própria”, e os irmãos Fowler, que em The King’s English, de 1905, anotaram: “Qualquer um que colocar muitas vírgulas próximas umas das outras deve reconhecer que está se tornando desagradável e questionar suas ideias tão rigorosamente quanto deveria fazer em relação a uma conduta desagradável na vida real”.

Na última semana, diante de tal crise da vírgula, o escritor e ensaísta inglês Pico Yier saiu em socorro do referido sinal — que de acordo com estudiosos aparece num texto pelo menos três vezes mais do que o ponto final e cinco vezes mais do que o ponto e vírgula. Numa entrevista, Yier falou que, ao contrário do que diz o professor McWhorter, nunca precisamos tanto de vírgulas quanto hoje em dia. “Justamente porque a pontuação vem minguando em nossos e-mails e mensagens de texto, e porque as pausas são cada vez mais necessárias.” De acordo com Yier, parte da beleza da vírgula é que ela oferece um descanso, como na música, “uma pausa que dá à música uma forma melhor, uma harmonia mais profunda”. Yier, que se diz adepto do Slow Speech, preza pela lentidão no âmbito da comunicação humana. “Sem a vírgula”, pondera, “nós perderíamos as nuances e os subentendidos, e acabaríamos gritando em caixa alta uns com os outros.”

A verdade é que nenhum debate teria ocorrido se estivéssemos falando do ponto final, das aspas ou das reticências. Discutir vírgula acirra os ânimos e, desde São Jerônimo — que no século 5 d.C. concebeu o primeiro sistema de divisão da frase (o per cola et commata) —, nos põe diante de nossos mais íntimos suspiros, pausas e hesitações. Saramago não seria possível sem a vírgula. O fundador da New Yorker, Harold Ross, colocou uma vírgula no trecho “Depois do jantar, os homens foram para a sala de estar” para que os homens pudessem ter tempo de afastar a cadeira, ficar de pé e, então, se dirigirem à sala. E a ironia da frase que abre Desonra, de J.M. Coetzee (e seu personagem travado, frio e pouco afetivo), tampouco existiria se não fosse ela: “Para um homem de sua idade, cinquenta e dois, divorciado, ele tinha, em sua opinião, resolvido muito bem o problema do sexo”.

No Brasil, uma das manias da poeta Alice Sant’Anna é não colocar ponto final no fim do verso, nem vírgula. “Esse espaço em branco cria leituras ambíguas, coisa que a prosa não pode fazer, porque precisa preencher a linha toda, correr até o fim da margem”, diz. “Por gostar tanto de pontuação, uso tão pouco nos poemas.” Daniel Galera costuma usar menos vírgulas do que a maioria dos seus pares. “Meu estilo suprime certas vírgulas obrigatórias naturalmente, pra ajustar o texto à dicção que procuro alcançar. Algumas vírgulas me parecem mais acidentes de leitura do que recursos para auxiliar a compreensão e o ritmo.” E o poeta Fabrício Corsaletti tergiversou e citou o travessão. “Olha, uso muito o travessão. É difícil eu escrever uma crônica ou um poema sem um travessão pelo menos. O travessão isola a frase, cria uma independência para ela. O Alberto Martins [escritor, autor de A história dos ossos] diz que ele é o sinal mais primitivo da língua. Como se fosse um traço de um homem das cavernas na pedra, feito com carvão.” Além disso, não devemos esquecer que é possível percorrer páginas e páginas dos romances de Cormac McCarthy sem esbarrar numa única vírgula sequer. Leitora atenta de McCarthy, a apresentadora Oprah Winfrey disse ter visto poucas vírgulas e “um dois pontos uma única vez”. Mas nunca um ponto e vírgula. Ao que McCarthy assentiu: “Ponto e vírgula não”.

De volta à ala pró-vírgula, a obsessão de Pico Yier pelo sinal é antiga. Em 2001, escreveu um artigo para a revista Time em que afirmava que discutir vírgulas é como discutir o amor. “No amor as menores coisas (ou os menores detalhes) são desesperadamente importantes, por isso os amantes prestam tanta atenção às mais ínfimas marcas numa página”, diz. “Ninguém lê uma carta tão intimamente quanto eles, esforçando-se para ouvir as suas nuances, suspiros, pausas e hesitações, debruçados sobre o que pode haver de mais secreto em cada cadência.”

No novo filme de Spike Jonze, Her, há uma cena sobre amor e vírgulas, uma resposta possível à pergunta do início: “No futuro nós vamos usar vírgulas?”. A história se passa num futuro não muito distante onde Theodore (Joaquin Phoenix) apaixona-se por um sistema operacional instalado em seu computador, Samantha (uma Scarlett Johansson versão voz, rouca e sensual). Na referida cena, uma das mais bonitas do filme, o casal discute, e durante a briga, irritado, Theodore pergunta a sua namorada-robô a razão de ela ter suspirado no meio de uma fala. “Por que você faz isso? Quero dizer, você não precisa de oxigênio.”

Isso talvez queira dizer que, humanos ou máquinas, no futuro, vamos seguir fazendo uso de vírgulas e de pausas dramático-respiratórias — não é só pelo oxigênio. E vamos colocar e tirar vírgulas. E talvez debater intensamente sobre seu uso ou não. Em 1879, Oscar Wilde escreveu em seu diário: “Hoje cedo tirei uma vírgula. À tarde, coloquei-a de volta”.

Emilio Fraia nasceu em São Paulo, em 1982, é editor, jornalista e escritor. É autor da graphic novel Campo em branco (Quadrinhos na Cia., 2013, em parceria com DW Ribatski) e do romance O verão do Chibo (Alfaguara, 2008, com Vanessa Barbara). Foi repórter das revistas Trip e piauí, e editor de ficção da editora Cosac Naify. Contribui com uma coluna mensal para o blog.

segunda-feira, 3 de março de 2014

NOSSA HISTÓRIA - Citação: Marcel Proust



"O verdadeiro ato de descobrimento não consiste em sair em busca de novas terras, mas sim aprender a ver a terra que já nos é conhecida com novos olhos".
Marcel Proust


Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust (Auteuil, 10 de Julho de 1871 — Paris, 18 de Novembro de 1922) foi um escritor francês, mais conhecido pela sua obra À la recherche du temps perdu (Em Busca do Tempo Perdido), que foi publicada em sete partes entre 1913 e 1927.