O LIVRO

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quarta-feira, 15 de julho de 2015

Nosso Folclore - Maria Bethânia canta PEDRINHA MIUDINHA



Maria Bethânia sempre demonstrou que seu gosto por poesia vai além de uma simples leitura. Em seus discos e shows, costuma intercalar as músicas que canta com a recitação inspirada . Entre mares e rios – Maria Bethânia sempre demonstrou que seu gosto por poesia vai além de uma simples leitura. Em seus discos e shows, costuma intercalar as músicas que canta com a recitação inspirada de versos. O lançamento simultâneo de " Mar de Sophia" e " Pirata", consolida o estilo e traz a cantora em dois álbuns temáticos em que veleja por mares e águas doces embalada por versos que vão da poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen a Fernando Pessoa, João Cabral de Mello Neto e Guimarães Rosa. " Sophia" fala de mares onde os textos de Andresen interligam as canções e dão voz e norte a inspiração de Bethânia. Ela canta símbolos africanos como em Canto de Oxum (Vinicius de Moraes/Toquinho) , relembra a cantoria preguiçosa de Dorival Caymmi e volta ao presente com versos cantados de Arnaldo Antunes. " Pirata" fala de rios, cachoeiras faz Bethânia viajar afetivamente no tempo e no folclore pelas águas dos rios do interior do Brasil. Os dois discos , além de trazerem regravações da carreira de Maria Bethânia mostram faixas que já são de domínio público e músicas inéditas, caso de Sereia de Água Doce de Vanessa da Mata. Os discos saem pela gravadora Biscoito Fino e incorporam-se com classe à discografia da cantora baiana.

PIRATA
Neste trabalho, Maria Bethânia viaja pelo universo folclórico e afetivo das águas dos rios do interior do Brasil. 'Pirata' é fruto das memórias da cantora, que sempre teve fascínio por rios, cachoeiras e toda a vida que se desenvolve sob e em volta das águas. Neste disco, Bethânia nos apresenta um conjunto de momentos fundamentais da cultura popular brasileira, além de canções inéditas e de compositores clássicos em sua voz. Realmente esse é um disco repleto de pequenas histórias que transmitem, em uníssono, o conceito do disco. Histórias estas que unem a música de Bethânia a textos de Guimarães Rosa, João Cabral de Mello Neto, Fernando Pessoa.
Temas de domínio público como 'Pedrinha Miudinha', 'Cantigas Populares' e 'Meu Divino São José' evidenciam a força da criação singela e rica em significados do artista popular. Em 'O Tempo e o Rio' (Edu Lobo/Capinam) e 'Onde Eu Nasci Passa um Rio' (Caetano Veloso), os rios desaguam na inquietação.



Pedrinha Miudinha (Dominio Público), História pro Sinhozinho (Dorival Caymmi)

Pedrinha Miudinha de Aruanda ê
Lajedo tão grande
Pedrinha de Aruanda ê

Quando eu não era ninguém
Era vento, terra e água
Elementos em amálgama
No coraçao de Olorum

Pedrinha Miudinha de Aruanda ê
Lajedo tão grande
Pedrinha de Aruanda ê

Na hora em que o sol se esconde
O sono chega
E o sinhozinho vai procurar
Hum, hum, hum,

A velha de colo quente
Que canta quadras
Que conta histórias
Para ninar
Hum, hum, hum,
Sinhá Zefa que conta histórias
Sinhá Zefa sabe agradar
Sinhá Zefa que quando nina
Acaba por cochilar
Sinhá Zefa vai murmurando
Histórias para ninar

Peixe é esse meu filho
Não meu pai
Peixe é esse
É mutum, manguenem
É coca-do-mato
Guenem-guenem
Suê, filho ê
Toca-ê
Marimba-ê

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