O LIVRO

O LIVRO

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Nossa História - ALEIJADINHO - Um dos maiores representantes das artes plásticas brasileira


Igreja de São Francisco de Assis (iniciada em 1766) em Ouro Preto, MG. Uma das sete maravilhas de obras de origem  portuguesa no mundo. Uma obra prima de Aleijadinho.



Aleijadinho (Antônio Francisco da Costa Lisboa)

29/08/1730, Vila Rica (atual Ouro Preto), MG
18/11/1814, Mariana (MG) – escultor e arquiteto brasileiro

provável rosto de Aleijadinho


"Bíblia de pedra sabão, banhada no ouro das Minas." Assim o poeta Oswald de Andrade definiu os Passos da Paixão e os 12 Profetas, as obras mais conhecidas do Aleijadinho, na cidade de Congonhas do Campo em Minas Gerais. De fato, o escultor conseguiu traduzir para a pedra a espiritualidade das Escrituras.
Antônio Francisco da Costa Lisboa era filho de Manoel Francisco Lisboa e de uma escrava que se chamava Isabel (embora nenhum documento o comprove), e sobrinho de Antônio Francisco Pombal, afamado entalhador de Vila Rica. A data oficial de seu nascimento é 29 de agosto de 1730, mas também não há certeza quanto a isso.
De educação escolar primária, iniciou seu trabalho como escultor e entalhador ainda criança, seguindo os passos do pai e trabalhando na oficina do tio. Seu aprimoramento profissional veio de seus contatos com o abridor de cunhos e desenhista João Gomes Batista e o escultor e entalhador José Coelho de Noronha, portugueses com oficinas em Vila Rica e responsáveis por muitas obras em igrejas da região.
Mesmo que tenha sido um dos maiores artistas do Brasil, restam apenas fragmentos biográficos da vida do Aleijadinho, a maioria deles envolta em lendas. Sua primeira biografia "Traços Biográficos Relativos ao Finado Antônio Francisco Lisboa", escrita apenas 44 dias depois de sua morte, por Rodrigo Bretãs, é repleta de exageros, mostrando um artista que seria "dado aos vinhos, às mulheres e aos folguedos".

Profeta Daniel (pedra sabão), Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas-MG)

Aos 40 anos de idade, Antônio Francisco Lisboa foi atacado por uma doença que o deixou gravemente deformado. Existem apenas hipóteses sobre a terrível enfermidade. Em 1929, o médico Renê Laclette optou por "lepra nervosa" como diagnóstico "menos improvável", visto que no quadro clínico do escultor se encontravam também sintomas específicos do mal de Hansen. Outra hipótese citada com freqüência é a da zamparina (doença advinda de um surto gripal que irrompeu no Rio em 1780, responsável por alterações no sistema nervoso). As demais especulações, citadas em mais de 30 estudos, incluem escorbuto, encefalite e sífilis.
O fato é que, aos poucos, o Aleijadinho foi perdendo o vigor físico, o que não o impossibilitou de trabalhar. Conta-se que ao perder os dedos dos pés ele passou a andar de joelhos, protegendo-os com dispositivos de couro, ou a se fazer carregar. E ao perder os dedos das mãos, passou a esculpir com o cinzel e o martelo amarrados aos punhos. Em fins de 1777, o escultor já perdera os dedos dos pés, "do que resultou não poder andar senão de joelhos", e os dedos das mãos se atrofiaram de tal forma que o artista teria decidido cortá-los, servindo-se do formão com que trabalhava. Também perdeu quase todos os dentes, a boca entortou-se, o queixo e o lábio inferior abateram-se e o olhar adquiriu uma expressão sinistra que o deixou com um aspecto medonho.

Carregamento da Cruz  (escultura em madeira), Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas-MG)

O Aleijadinho passou a evitar o contato público: ia para o trabalho de madrugada e só voltava para casa com a noite alta. "Ia sempre a cavalo, embuçado em ampla capa, chapéu desabado, fugindo a encontros e saudações", escreveu o poeta Manuel Bandeira. No próprio local da obra, ficava coberto por uma espécie de tenda. Diz a lenda que, depois de ser chamado de "homem feio" por José Romão, ajudante-de-ordens do governador Bernardo Lorena, o artista se vingou esculpindo uma estátua de são Jorge com a cara "bestificada" de seu desafeto.
A doença dividiu em duas fases nítidas a obra do Aleijadinho. A fase sã, de Ouro Preto, se caracteriza pela serenidade equilibrada. Na fase do enfermo, surge um sentimento mais gótico e expressionista. O ressentimento tomou a expressão de revolta social contra a exploração da metrópole. As figuras de "brancos", "senhores" e "capitães romanos" são deformadas.
Suas obras mais famosas são o conjunto do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo, um patrimônio histórico e artístico com 66 imagens esculpidas em madeira de cedro (1796-1799) e os 12 majestosos profetas em pedra-sabão (1800-1805). Suas esculturas desviam-se do estilo barroco português, ganhando características muito pessoais, com alguma influência bizantina e gótica.
Os trabalhos do Aleijadinho podem ser vistos em Ouro Preto, Congonhas do Campo, Sabará e outras cidades mineiras. Observando-se os traços, as expressões das esculturas, é impossível evitar o sentimento de emoção e respeito que elas despertam. O esplendor e o requinte, as sutilezas e a suntuosidade das dezenas de estátuas, pias batismais, púlpitos, brasões, portais, fontes e crucifixos revelam que o Brasil teve um escultor e arquiteto de primeira grandeza nos tempos coloniais.

Principais obras de Aleijadinho:
Talha
- Retábulo da capela-mor da Igreja de São Francisco em São João del-Rei
- Retábulo da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto
-  Retábulo da Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto
Arquitetura- Projetos de fachadas de duas igrejas (Igreja de São Francisco em São João del-Rei e Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto).
Escultura- Conjunto de esculturas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (incluíndo as mais conhecidas: "Os Doze Profetas").


Ouro Preto

Ouro branco! Ouro preto! Ouro podre! De cada
Ribeirão trepidante e de cada recosto
De montanha o metal rolou na cascalhada
Para o fausto Del-Rei, para a gloria do imposto.

Que resta do esplendor de outrora? Quase nada:
Pedras... Templos que são fantasmas ao sol-posto.
Esta agencia postal era a Casa de Entrada...
Este escombro foi um solar... Cinza e desgosto!

O bandeirante decaiu – é funcionário.
Ultimo sabedor da crônica estupenda,
Chico Diogo escarnece o ultimo visionário.

E avulta apenas, quando a noite de mansinho
Vem, na pedra-sabão, lavrada como renda,
- Sombra descomunal, a mão do Aleijadinho!

Glossário:
avulta: cresce, aumenta
escarnece: zomba, debocha
escombro: ruína
estupenda: admirável, extraordinária
fausto: luxo, pompa, ostentação
trepidante: que treme



fontes: educacao.uol.com.br/
             suapesquisa.com
          


            

Nenhum comentário:

Postar um comentário